Ondas cerebrais podem identificar declínio cognitivo do Parkinson

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Estudo mostrou que a disfunção cognitiva atrelada ao Parkinson está relacionada a alterações em duas faixas de ondas cerebrais

O Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso central. Ela gera sintomas como tremores, rigidez muscular, bradicinesia (movimentos lentos), instabilidade postural e déficits cognitivos. Atualmente, a identificação da doença é feita através da avaliação dos sinais e sintomas.

No entanto, um novo estudo indica que isso pode mudar. Um artigo publicado na revista científica “Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry”  apontou que é possível facilitar  o diagnóstico da doença (pelo menos no aspecto da cognição) através da análise das ondas cerebrais por meio do eletroencefalograma (EEG).

Os pesquisadores realizaram a medição em 100 pacientes com Parkinson e 49 voluntários parte de um grupo de controle (isto é, sem a doença). Todos passaram por uma série de atividades de controle cognitivo (ou seja, tarefas com esforço mental). 

A partir disso, os pesquisadores descobriram que a disfunção cognitiva atrelada ao Parkinson estava relacionada a alterações em duas faixas de ondas cerebrais. Trata-se das ondas chamadas delta e teta, na região frontomedial.

Ganhos para o diagnóstico e tratamento da doença

De acordo com o Dr. Bruno Burjaili, neurocirurgião especializado no tratamento de Parkinson, a descoberta da relação entre a cognição e as ondas cerebrais é um passo importante para diagnosticar alterações cognitivas da doença precocemente. Esse avanço pode auxiliar, inclusive, na avaliação para a cirurgia.

“Um dos elementos mais importantes para a cirurgia de marca-passo cerebral, o DBS [deep brain stimulation], é a avaliação da cognição, ou das funções mentais superiores, como podem ser mais facilmente compreendidas”, aponta o especialista. 

Segundo ele, quem já apresenta um grau avançado de comprometimento não pode passar pela cirurgia. “Então, um novo método de detecção de alterações cognitivas vai repercutir bastante no protocolo que realizamos no pré-operatório desses pacientes”, estima.

Para médico, esta é uma oportunidade para que a cirurgia ela continue a ser feita com o máximo de segurança e com maior probabilidade de sucesso. Assim, trazendo maior qualidade de vida aos pacientes, destaca o especialista.

“O diagnóstico da doença de Parkinson continua sendo clínico. Ou seja, através de uma boa consulta, com o médico avaliando o histórico e os sintomas do paciente. Não dispomos de biomarcadores adequados para uso prático no momento. No entanto, o surgimento desse método para os sintomas cognitivos nos deixa entusiasmados, para que isso possa trazer efeitos reais quanto à abordagem desses problemas, quem sabe, em um futuro próximo”, conclui o Dr. Bruno Burjaili.

Fonte: Saúde em dia

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