Governo Talibã continua suspendendo direitos femininos e repreendendo manifestações
A Organização das Nações Unidas (ONU) classificou o Afeganistão como o país mais repressivo do mundo para as mulheres. Em comunicado divulgado nesta 4ª feira (8.mar), a entidade afirma que, desde que o Talibã assumiu o poder do país, o grupo feminino está sendo cada vez mais privado de direitos básicos, como educação e trabalho.
Apesar de ter prometido uma postura moderada em relação ao último governo – 1996 a 2001 -, o regime Talibã vem suspendendo medidas para excluir as mulheres da sociedade. Neste ano, após limitar o estudo nas escolas, o grupo extremista proibiu jovens de prestarem vestibulares, porta de entrada para o ensino superior.
Antes disto, o grupo feminino foi banido de parques e academias, além de sofrer graves limitações em relação ao trabalho e perder a liberdade de viajar sozinho. Um dos últimos anúncios do Talibã também foi o uso obrigatório da burca – vestimenta que cobre o corpo inteiro – em espaços públicos ou durante transmissões na mídia.
Em meio ao cenário, algumas mulheres reuniram coragem e foram às ruas protestar contra as mudanças. Os atos, no entanto, foram fortemente repreendidos pelas autoridades que, posteriormente, começaram a realizar incursões para deter arbitrariamente a maioria das manifestantes. Ainda há relatos de espancamentos e choques elétricos.
“O Afeganistão sob o regime Talibã continua sendo o país mais repressivo do mundo em relação aos direitos das mulheres. Tem sido angustiante testemunhar seus esforços metódicos, deliberados e sistemáticos para empurrar mulheres e meninas afegãs para fora da esfera pública”, disse Roza Otunbayeva, representante da ONU no país.
Até o momento, uma das restrições mais impactantes foi a suspensão de mulheres das equipes de trabalho humanitário no país. Além do próprio grupo, a medida atinge cerca de 28 milhões de afegãos que precisam de ajuda, uma vez que grande parte das equipes era formada por mulheres.