Gustavo Zupak, especial para o ESPN.com.br
Eram jogados 94 minutos e 34 segundos de futebol. Mais um minuto e meio e terminaria. O título do texto já estava pronto: ‘Fiasco na Euro pede novo sotaque no English Team’. As críticas cairiam todas em cima de Gareth Southgate e a eliminação da Inglaterra para a Eslováquia seria adjetivada como muito justa.
Mas ainda faltava um minuto e meio e Jude Bellingham estava em campo. A sua acrobática e histórica bicicleta mudou o cenário de um jeito que só o futebol permite que aconteça. O golaço decretou que teríamos prorrogação e ajudou a influenciar a forma que ela começaria.
E em apenas um minuto, outra bola parada e outro craque apareceu para decidir. Harry Kane foi a estrela da vez para dar a classificação ao previsível time inglês.
Bellingham e Kane. Logo eles. A Inglaterra chegou ao jogo de hoje com apenas dois gols marcados em três partidas. Um de Bellingham e outro de Kane. E eles continuam como os únicos artilheiros da seleção nesta Euro.
Não dá para dizer que a classificação foi justa, já que a Inglaterra jogou um futebol novamente muito pobre. Emocionante, sim, é a melhor forma de classificar o que aconteceu em Gelsenkirchen.
Mais uma vez, o time de Southgate mostrou muita dificuldade para circular a bola com velocidade e encontrar espaço em um sistema defensivo bem organizado. Hoje, ainda enfrentou outra adversidade. A excelente marcação eslovaca na saída de bola inglesa ajudou a explicar o que acontecia em campo. Foi assim que Francesco Calzona, o técnico italiano do selecionado eslovaco, foi minando o jogo adversário e encontrando espaço para jogar também.
O gol de Schranz, no primeiro tempo, premiou quem teve mais controle sobre sua proposta até então. Southgate testou o seu terceiro ‘camisa 8’ diferente em quatro partidas na competição, e viu em Kobe Mainoo o mais dinâmico e regular. O jovem do Manchester United merece continuar na equipe.
Na segunda etapa, no desespero de buscar o empate, o contestado técnico inglês fez trocas ousadas, como colocar Palmer em campo e deslocar Saka para a lateral esquerda. O meia atacante do Chelsea entrou bem e tornou o time mais perigoso. Mas pouco foi criado com bola rolando ou construções lúcidas.
Foi na bola parada que a Inglaterra encontrou o que parecia não ter mais força para buscar. Foi preciso, mais uma vez, chamar as individualidades para resolver o que o coletivo não foi capaz.
Foi preciso, mais uma vez, apelar para que Jude tirasse o time do buraco. Desta vez, pedalando.
Guardei no bloco de notas o título do texto da eliminação. É melhor esperar, o futebol permite tudo e a fase final de um torneio é sempre um campeonato à parte. A Inglaterra joga pouco, mas quem joga muito parece atento para os momentos de tensão.
Fonte: ESPN /
Jude Bellingham durante Inglaterra x Eslováquia pela Euro 2024 Qian Jun/Getty Images