Por Portal Ipirá City – Segunda, 10 de junho de 2024
Osmário da Silva Freire, um homem de história rica e perseverança, nasceu em Ipirá no dia 22 de janeiro de 1945. Filho do Senhor Francisco Freire e da Senhora Aderita Silva Oliveira Freire, ambos in memoriam, Osmário cresceu na rua da quadra. Desde cedo, ele foi influenciado pelo trabalho de seu pai, que era marchante de bode. Aos oito anos, Osmário já ajudava seu pai, esticando as peles e participando da venda delas.
A vida de Osmário foi marcada por muitas dificuldades, mas também por uma grande determinação. Ele aprendeu a profissão de sapateiro e, com muito esforço, conseguiu abrir sua própria loja de calçados. Apesar dos desafios, ele nunca desistiu e hoje trabalha com artefatos de couro, um testemunho de sua habilidade e resiliência. Além disso, Osmário também se aventurou em várias outras atividades para garantir a sobrevivência de sua família.
Ele vendia cuscuz e sarapatel nas ruas, especialmente os preparados por Dona Chica de Emeterio, em outra época, nas quartas-feiras, vendia água da mata da Caboronga por dois copos a 500 réis.
Osmário teve uma família com Marildalva Lima de Almeida, também in memoriam, com quem teve dois filhos e uma filha. Sua história é um exemplo inspirador de trabalho árduo, criatividade e amor à família. Apesar das adversidades, ele sempre encontrou maneiras de prover para sua família e contribuir para a comunidade de Ipirá, deixando um legado de coragem e determinação.
Aos 17 anos, ele decidiu deixar a tranquilidade de Ipirá para tentar a vida em Salvador. Com o apoio de seu tio, que o acolheu em sua casa, ele se alistou e foi servir no quartel de Amaralina. Porém, o destino tinha outros planos. Em 1964, com a eclosão da revolução, muitos jovens que haviam se alistado foram dispensados por excesso de contingente, e ele foi um dos primeiros a ser liberado. Sentindo-se frustrado e sem perspectiva, decidiu voltar para sua cidade natal, Ipirá, sem olhar para trás.
Sua tia, preocupada com seu futuro, sugeriu que ele seguisse os passos do tio e ingressasse na polícia. “Se o seu tio trabalha na polícia, você deveria ficar também,” ela aconselhou. No entanto, ele estava decidido a não seguir esse caminho. A revolução havia mudado seus planos, mas não seu espírito. Ele queria traçar seu próprio destino, longe das imposições e dos uniformes.
De volta a Ipirá, encontrou um novo propósito. Casou-se e construiu sua vida na cidade que sempre foi seu verdadeiro lar. Aqui, ele encontrou a paz e a felicidade que buscava. Longe dos conflitos e das incertezas, ele se dedicou à família e à comunidade, vivendo uma vida simples, mas plena. A revolução que uma vez abalou seus planos acabaram por guiá-lo de volta ao lugar onde sempre pertenceu, provando que, às vezes, o retorno às origens pode ser o caminho mais sábio.
Foto: Gleidson Souza (Ipirá City)