Para Celso de Mello, ‘golpismo’ advoga explicitamente pela família Bolsonaro

Bahia Brasil justiça

Segunda, 16 de junho de 2025

Ao falar em “uso da força” para manter eventual indulto concedido ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em caso de vitória da direita nas eleições de 2026, o “golpismo” advoga “explicitamente” pela família Bolsonaro. A avaliação é do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello.

“O golpismo, agora, é advogado explicitamente, sem qualquer pudor, pela família Bolsonaro! Indulto ou anistia, nem que seja pelo ‘uso da força’. Em outras palavras, a obtenção desses benefícios constitucionais deve ser conquistada à outrance, a qualquer preço, por todos os meios, mesmo que isso signifique golpear as instituições democráticas”, disse o magistrado à revista eletrônica Consultor Jurídico.

A declaração foi dada ao comentar a entrevista que o senador e filho mais velho de Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), deu ao jornal Folha de S.Paulo.

No texto publicado no sábado (14/6), o congressista afirmou que, para receber o apoio do ex-presidente na próxima corrida presidencial, o candidato precisa se comprometer a conceder indulto ao seu pai — caso ele seja condenado pela trama golpista que resultou nos atos de 8 de janeiro de 2023. Mas não só isso: o aspirante a sucessor da direita deve estar disposto a brigar com o STF se a corte reconhecer a inconstitucionalidade da medida.

“Bolsonaro apoia alguém, esse candidato se elege, dá um indulto ou faz a composição com o Congresso para aprovar a anistia, em três meses isso está concretizado, aí vem o Supremo e fala: é inconstitucional, volta todo mundo para a cadeia. Isso não dá. Certamente o candidato que o presidente Bolsonaro vai apoiar vai ter que ter esse compromisso, sim”, disse Flávio Bolsonaro ao jornal.

“É uma hipótese muito ruim, porque a gente está falando de possibilidade e de uso da força. A gente está falando da possibilidade de interferência direta entre os Poderes. Tudo que ninguém quer. E eu não estou falando aqui, pelo amor de Deus, no tom de ameaça, estou fazendo uma análise de cenário. É algo real que pode acontecer”.

Desonrar a Presidência

Para Celso de Mello, aceitar a condição imposta pela família Bolsonaro para receber o apoio do patriarca seria um ato de “desonra”.

“Algum  presidente estaria disposto a desonrar-se, pessoal e politicamente, vilipendiando a Constituição da República, somente para aplacar o inconformismo e o sentimento de ódio dos Bolsonaros e para satisfazer-lhes  a exigência de impunidade do Jair?”, questionou.

O ex-presidente do Supremo avalia que tal exigência coloca os interesses de Bolsonaro acima da Carta Magna.

“A conveniência pessoal e particular de Jair Bolsonaro estaria, agora, sendo elevada a um patamar superior ao da supremacia e integridade da lei fundamental da República? A tanto chega a pretensão da família Bolsonaro: fazer “uso da força” para conseguir e tornar irreversível a concessão da indulgentia principis? Parece que sim!”, observou o ministro aposentado.

Fonte: Conjur

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