Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) aponta melhor período de colheita e manejo da mandioca em Vitória da Conquista. A iniciativa faz parte de um Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGA) do estudante Fabricio Vieira Dutra.
O estudo foi realizado na propriedade Campo Verde, situada no povoado do Capinal, zona rural de Vitória da Conquista, durante o período de dezembro de 2017 a dezembro de 2018. A variedade de mandioca utilizada foi a Milagrosa, uma espécie de mandioca de mesa amplamente cultivada na região de estudo e vendida nas feiras livres da cidade.
Dutra ressalta que um dos obstáculos da cadeia produtiva de mandioca de mesa é manter a qualidade das raízes durante o ano devido a influência dos fatores fisiológicos e climáticos e sua pesquisa pode beneficiar tanto ao produtor quanto ao consumidor final, pois o estudo revela que é possível manter a qualidade da aipim ao longo do ano. “Aumentar o período de colheita das raízes de mesa sem afetar as características culinárias e agronômica é de grande importância para os produtores de mandioca, pois favorece a venda das raízes por um maior período durante o ano e garante a renda familiar”, afirmou o pesquisador.
Sendo assim, a pesquisa desenvolvida avaliou o manejo da copa de mandioca com a poda e retirada das folhas, com o delineamento experimental utilizado em blocos casualizados, com quatro repetições. Ele testou três tipos de cuidado nas raízes: não fazer poda, podar a parte aérea e retirar as folhas.
Em cada bloco, dividiu as parcelas menores para realizar as diferentes formas de cuidado. Além disso, a colheita foi feita em dois momentos diferentes: aos oito meses e aos 12 meses após o plantio. Aos sete e 11 meses após o plantio, fez a poda na parte de cima e retirou as folhas. Depois de esperar 30 dias, colheu as raízes manualmente tanto aos oito meses quanto aos 12 meses após o plantio. Em seguida, avaliou várias características das raízes, incluindo aspectos relacionados à agricultura, tecnologia, composição química e valor nutricional.
No estudo, o pesquisador concluiu que a poda da parte aérea da folha da mandioca, feita 30 dias antes da colheita, proporciona a redução da deterioração fisiológica das raízes, quando estas são colhidas aos 12 meses após o plantio. Plantas de mandioca colhidas aos oito meses após o plantio produzem raízes com características tecnológicas, físico-químicas e agronômicas desejáveis para o consumo in natura. E as características nutricionais das raízes não são influenciadas pelas práticas de manejo da parte aérea e pelas épocas de colheita.
Próximas etapas- Anselmo Eloy Silveira Viana, professor do PPGA e coordenador do laboratório de melhoramento e produção vegetal, revela que o estudo do pesquisador continua na tese do doutorado. Agora, o direcionamento é a época de colheita e de manejo da cultura, ou mais precisamente para avaliar como manter uma qualidade das raízes e um cozimento adequado da mandioca para o consumo alimentar das pessoas ao longo do ano. “A dificuldade de manter um cozimento é comum em todas as regiões em que a mandioca é cultivada, quando chove fica muito quente e a raiz não cozinha. Então o desafio é tentar manter o cozimento adequado ao longo dos meses”, disse Viana.
Dutra ressalta que a expectativa é de concluir com um resultado satisfatório. “Essa pesquisa vai ter um impacto muito grande na sociedade, principalmente manter o tempo de qualidade culinária, pois mantendo a qualidade desejável os produtores vão aumentar um período maior de colher essas raízes sem afetar as características que são importantes”.
Fonte: Agência Sertão