(Reuters) – A Polícia Federal iniciou nesta sexta-feira operação de erradicação do garimpo no Território Yanomami, em Roraima, com os focos principais na interrupção da atividade criminosa, inclusive com a destruição de equipamentos usados pelos garimpeiros, disse a PF em nota.
“A operação Libertação permanecerá em andamento até o restabelecimento da legalidade na terra indígena yanomami”, afirmou comunicado da corporação, que acrescentou que as ações estão sendo realizadas por uma força tarefa formada por PF, Ibama, Funai, Força Nacional de Segurança e Ministério da Defesa.
Segundo o chefe da Diretoria de Meio Ambiente e Amazônia da PF, Humberto Freire, “o foco das ações é na logística do crime e no registro da materialidade delitiva, não nas pessoas envolvidas, de modo a evitar que haja dificuldades na saída dos não índios da Terra Yanomami”.
“Não podemos esquecer que o foco principal da operação é a desintrusão total dos não índios da TI Yanomami”, disse Freire, segundo a PF, acrescentando ser necessário evitar uma nova crise humanitária, dessa vez envolvendo os garimpeiros, diante de relatos de problemas para a saída dessas pessoas da reserva.
O garimpo ilegal é apontado como principal responsável pela crise humanitária e sanitária que atinge os indígenas yanomami em Roraima. O uso do mercúrio na extração ilegal de ouro contamina os rios usados pelos indígenas para abastecimento e alimentação, o que provocou doenças e desnutrição.
Nesta semana, agente do Ibama e da Funai realizaram operações de fiscalização contra o garimpo no território yanomami e destruíram equipamentos usados pelos garimpeiros.
Mais de 20.000 garimpeiros invadiram a reserva indígena, trazendo doenças, abuso sexual e violência armada que aterrorizaram os yanomami, estimados em cerca de 28.000, e levaram à desnutrição grave e mortes.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou emergência médica na terra yanomami e disse que terá tolerância zero para o garimpo em terras indígenas, protegidas pela Constituição.
Os yanomami vivem há muito tempo isolados em uma vasta reserva do tamanho de Portugal, na fronteira com a Venezuela. Suas terras ricas em minerais atraem garimpeiros ilegais há décadas, especialmente depois que o governo militar construiu uma estrada através da floresta amazônica na década de 1970.
O antecessor de Lula, Jair Bolsonaro, defendeu a mineração em terras indígenas protegidas, e seu governo fez vista grossa para um novo aumento nas invasões de reservas por garimpeiros e madeireiros ilegais, além de reduzir o financiamento da fiscalização contra crimes ambientais.
Fonte: Isto é