Como lidar com o problema de saúde públia que gera um objeto de vício localizado no âmbito digital? Como oferecer tratamento sem superlotar os Caps? Abrascão debate
Por Sophia Vieira
No primeiro dia das atividades do 14º Abrascão, uma das mesas redondas tratou dos problemas causados pelo vício. O debate contou com Daniel Elia da Fiocruz, Dudu Ribeiro da Iniciativa Negra por Uma Nova Política Sobre Drogas e com Gabriella Boska do Departamento de Saúde Mental, Álcool e Drogas do Ministério da Saúde. Com uma exposição sobre a história racista do proibicionismo, o diálogo buscou interligar possíveis políticas de drogas e de apostas.
Entre as questões levantadas, estavam a dificuldade em lidar com um objeto de vício que se encontra no âmbito digital; as alternativas de tratamento diante das taxas desiguais de acesso a atendimento, e do risco de superlotação dos CAPs; além da perspectiva para ampliação das pesquisas sobre o tema, e para a taxação das bets. A digitalização dos atendimentos e dos próprios CAPs se destacou entre as alternativas apontadas. O método pode gerar iniquidades em alguns cenários.
Dudu apontou, também, a importância de identificar quem está sujeito às “zonas de sacrifício” no contexto das apostas, que seriam os setores negligenciados nas políticas sociais. Para o palestrante, essas zonas abarcam não apenas o sujeito que está diretamente envolvido na questão, mas toda a comunidade que o rodeia, levando à propagação da violência.
Fonte: Outra Saúde / Foto: Bruno Peres/Agência Brasil