Por que estudar Libras é essencial para atuar na educação?

Brasil

Desde 2005, se tornou obrigatória a inclusão de disciplina que ensina a Língua Brasileira de Sinais (Libras) em todos os cursos de formação de professores — Pedagogia, Educação Especial e todas as licenciaturas, além da obrigatoriedade de ser ofertada como matéria optativa para os cursos de bacharelado.

Por que estudar Libras é tão importante para os educadores? Se você não sabe a resposta, acompanhe este post e saiba o motivo. Confira!

Qual a importância de Libras para a criança com deficiência auditiva?

Para qualquer criança que tenha deficiência auditiva desde o nascimento ou começo da infância, a linguagem de sinais será sua primeira língua. É com o uso dela que aprenderá a se comunicar, a compreender o mundo e, mais importante ainda, a raciocinar.

Assim como uma criança sem problemas auditivos precisa aprender uma língua para conseguir se expressar e compreender o que acontece à sua volta, com a surda isso não é diferente. É preciso entender, antes de tudo, que Libras é o idioma materno dela — e o português será sua segunda língua.

Suponhamos que uma criança com deficiência auditiva aprenda Libras antes de entrar em idade escolar. Ao começar a frequentar a escola, ela terá de aprender, assim como todos os outros colegas, uma série de conteúdos previstos no currículo, que começam pela alfabetização e pelas primeiras operações matemáticas.

No entanto, as aulas não são dadas em Libras. O professor conversa com os outros alunos e tenta se comunicar com a criança surda usando mímicas e desenhos. Não é surpresa nenhuma que o aluno não aprenda nada, afinal, a aula será dada em uma língua totalmente desconhecida por ele. É como se alguém que fala apenas português fosse colocado em uma sala de aula para aprender matemática em espanhol.

Quais são as melhores dicas para quem deseja estudar Libras?

Entenda e explore o papel dos sentidos

Você provavelmente já ouviu dizer que uma pessoa surda, embora não tenha audição, é mais sensível quanto aos outros sentidos (visão, tato, olfato e paladar), não é mesmo? Saiba, então, que essa é uma informação verdadeira e que precisa ser considerada por quem deseja estudar Libras.

É justamente por esse motivo que o ouvinte e intérprete deve evitar tocar no surdo sem fazer contato visual antes, já que ele pode acabar se assustando com essa atitude imprevista e até mesmo brusca, por exemplo. O toque é um dos sentidos mais aguçados da pessoa surda, sendo assim, dirija-se a ela vindo pela lateral e certifique-se de que ela o notou. Se necessário, acene.

O olhar é também imprescindível nesse sentido. Para estudar Libras e ao se comunicar com um surdo, pratique bastante a comunicação olho no olho.

Lembre-se de que todas as atitudes e/ou expressões, como veremos adiante, significam algo. Se você interage com alguém que não escuta e ao mesmo tempo olha para os lados, por exemplo, ele também fará o mesmo e vai procurar por algo.

Não se esqueça da expressão facial

A expressão facial é um recurso muito importante da Língua Brasileira de Sinais. Isso porque se trata de um recurso que auxilia a compreensão e interpretação das mensagens, esclarecendo melhor o que você pretende dizer à pessoa surda.

Além disso, a expressão facial dá sentido aos sinais de Libras, fazendo também parte de suas formações. Isso quer dizer que devemos, literalmente, fazer cara de feliz, bravo, triste, etc., a depender daquilo que estamos nos comunicando. Se esse aspecto não for empregado, o intérprete cometerá um grande equívoco.

Utilize repetições para dar ênfase e reforçar a mensagem

Usamos da repetição de palavras para dar ênfase a uma frase, certo? Na Língua Brasileira de Sinais, o mesmo recurso é necessário para causar esse efeito, no entanto, por meio dos gestos. Interessante, não?

Dessa forma, você também garante que a pessoa com a qual está conversando captou a mensagem desejada com todas as emoções nela incluídas. Por esse motivo, é bastante comum em Libras a repetição dos sinais. Sendo assim, não fique com receio e faça a mesma coisa sempre que julgar necessário.

Busque conteúdos e treine bastante

Existem na internet diversos conteúdos voltados para auxiliar quem quer estudar Libras. O YouTube, por exemplo, é uma plataforma digital que reúne várias pessoas fluentes na língua, como profissionais e surdos. Trata-se de uma excelente forma de treinar aquilo que você está aprendendo, além de entrar em contato com palavras novas.

Outra dica interessante é buscar palavras específicas no dicionário online do Acessibilidade Brasil. É possível encontrar termos em diversas categorias, como alimentos, animais, esportes, corpo, família, etc. A plataforma indica o movimento das mãos por meio de uma animação e de vídeos de um intérprete.

Não se esqueça de que, assim como acontece com qualquer outra língua, você não conseguirá aprender Libras da noite para o dia. É necessário um tempo de estudo e, sobretudo, de treino, já que uma nova habilidade entrará em processo de construção. Para quem quer se tornar fluente, é indispensável também buscar se especializar.

Por fim, não se esqueça de que treinar e conversar bastante é fundamental para alcançar o domínio da Língua Brasileira de Sinais. Para tanto, redobre a atenção também quanto às estruturas linguísticas, sublexicais, categorias gramaticais, alfabeto manual, estruturação das frases etc.

Por que é importante que o professor saiba se comunicar em Libras?

Não se trata apenas do cumprimento da lei. Pelo exemplo acima, já fica fácil entender o quanto a linguagem de sinais é importante para o desenvolvimento das crianças com deficiência auditiva. Na escola, um lugar onde elas deverão passar boa parte da vida, é fundamental que consigam se comunicar. Listamos três motivos para demonstrar por que estudar Libras é fundamental para o professor. Confira!

Inclusão social

Vamos pensar em mais um exemplo: uma criança é a única em uma sala de aula com deficiência auditiva. Ela se comunica por linguagem de sinais, que nenhum de seus colegas sabe usar. Durante todo o tempo em que passa dentro da sala, apenas poderá se comunicar com seu intérprete (se houver um).

Ao passar do tempo, essa situação gerará uma sensação de desconforto na criança, que se sentirá excluída daquele contexto. Se comunicar é uma necessidade de todo ser humano, e é comprovado que a privação desse direito pode gerar graves danos, não só no rendimento escolar, mas principalmente no desenvolvimento social.

Ao se comunicar em Libras com a criança, mesmo que só de forma básica, o professor demonstra interesse em incluí-la na turma, faz com que ela se sinta parte daquele lugar, e amplia as possibilidades de contato para o estudante.

Formação humanizada

Além de permitir que a criança compreenda a aula, a capacidade de se comunicar em Libras também permite o oposto: que o professor compreenda o aluno. É por isso que podemos dizer que estudar Libras dá ao futuro professor uma formação mais humanizada.

Por mais que aprenda rápido o português, existem coisas que uma criança com deficiência auditiva só saberá dizer em sua língua materna. Ao se comunicar fluentemente com um aluno surdo em sala de aula, o professor conseguirá entender melhor quais são suas demandas e dificuldades, evitará equívocos e estará mais preparado para lidar com as particularidades do estudante.

Assim como todas as outras crianças, aquela que é surda tem uma vida que acontece fora dos muros da escola, além de trazer suas próprias questões pessoais e muitos outros assuntos que vão além de suas dificuldades de comunicação. Saber se comunicar com o aluno ajuda o professor a entender que aquela criança não se resume à sua deficiência auditiva.

Vínculo aluno e professor

Quem não se lembra do primeiro professor? Ou de algum outro que tenha marcado positivamente sua vida ainda no começo do ensino fundamental. Se você se lembra de um bom professor da infância, é provável que também se lembre de coisas que ele te ensinou.

Por mais que a criança tenha um intérprete em sala de aula, ele não pode ser único responsável por seu aprendizado; o aluno precisa se conectar com seu professor.

O docente é uma referência para o estudante, principalmente nos primeiros anos da educação escolar, e construir uma boa relação é de extrema importância para o aprendizado. O vínculo professor e aluno ajuda a criança pequena a estabelecer um ponto de confiança, que fará com que ela busque se espelhar no professor e preste atenção ao que ele ensina.

Quando a comunicação é fluida e constante, criar esse vínculo se torna muito mais fácil. À medida que ela percebe que sua comunicação com o professor é possível, que ela pode compreendê-lo e que ele se esforça para compreendê-la também, o aprendizado se potencializa.

Quebra das barreiras da comunicação

O professor que cursa Libras exerce, também, um papel fundamental quanto à uma questão social de muita importância: a inclusão e a quebra das barreiras de comunicação entre os indivíduos. Dessa forma, torna-se possível conhecer diferentes pessoas, entender o seu cotidiano, desenvolver empatia em todas as situações e criar laços.

Tanto a comunidade surda em si quanto a sociedade no geral precisam de mais pessoas habilitadas em Libras, uma vez que ainda existem poucos profissionais capacitados na área. Nesse sentido, devido à grande demanda, se tornar um especialista pode ser um diferencial capaz de abrir várias portas para o professor, como veremos adiante.

Agilidade de raciocínio e de ação

Ao estudar Libras, o professor se habitua a pensar não só de forma verbal, como também visual — e tudo isso com mais rapidez e agilidade. Como se trata de uma língua que envolve a mente, as expressões faciais e corporais entre outros aspectos, aprendê-la, além do conhecimento específico, pode acabar estimulando o raciocínio rápido e até mesmo contribuindo com outros aprendizados.

Além disso, quem opta por estudar Libras conseguem se articular melhor, uma vez que, para conseguir se comunicar com outras pessoas, será preciso gesticular bastante as mãos e ter muita coordenação motora.

Novas oportunidades profissionais

O acesso à educação por uma pessoa surda é um direito assegurado por lei, inclusive, nunca se falou tanto em inclusão como nos dias de hoje. Em meio a esse cenário, aumenta cada vez mais a demanda por professores capacitados em Libras, tanto para atuar na Educação Infantil e ensinos Fundamental, Médio e Superior, quanto também como tradutor/intérprete em áreas diversas — saúde, assistência social, jurídica etc.

Uma graduação que oferece Libras em sua grade curricular ou uma especialização na área forma professores com as competências e habilidades necessárias para eliminar barreiras de comunicação e garantir a inclusão dos surdos na sociedade, bem como o cumprimento de seus direitos básicos.

Dessa forma, o professor poderá também acrescentar algo a mais no seu currículo. O fato de que ele pode se comunicar com deficientes auditivos fará com que muitas instituições de ensino e até mesmo empresas se interessem por ele. Além disso, ele também pode dar um passo a mais e se especializar nessa área, pois, atualmente, os intérpretes de Libras estão crescendo muito no mercado de trabalho.

Esses são só alguns dos motivos pelos quais o aprendizado de Libras é tão importante na formação dos professores. Incluir a criança surda, demonstrar interesse por ela e permitir que crie pontos de apoio são formas de promover uma educação mais igualitária e inclusiva.

O aprendizado da linguagem de sinais pelos professores também é um ponto de partida para que não se restrinja aos deficientes auditivos, para que eles possam ter seus círculos sociais ampliados e mais possibilidades de inclusão em atividades comuns para qualquer pessoa, como a educação formal e o trabalho.

Vale ressaltar que, mesmo não estando em sala de aula, também é importante que outros profissionais de educação que estão no ambiente escolar consigam se comunicar minimamente com a criança que usa a linguagem de sinais. Estudar Libras é importante para todos aqueles que lidam com a educação formal.

Ficou convencido da importância desse conhecimento para a formação dos educadores? Então, não deixe de compartilhar agora mesmo este post nas suas redes sociais e fazer com que mais pessoas confiram nossas dicas e promovam a inclusão!

Fonte: Unyleya

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