Quarta, 10 de novembro de 2021
“Todos temos dentro de nós dois lobos completamente diferentes”, essa é uma das frases da “Parábola dos dois lobos”, mas por que será que sempre nos posicionamos como se só existisse em nós um dos lobos e, no caso em questão, “o lobo bom” enquanto o “lobo mal” só é percebido no outro? Isso significa dizer que quando analisamos a maldade é sempre na condição de um espectador e nunca a de um participante. Em que momento da vida você escutou alguém dizer: “Eu sou uma pessoa que também vibro negatividade”, “Eu fui uma pessoa tóxica na vida na minha ex-namorada”, “Eu tenho atitudes egoístas e orgulhosas”, “Eu já pensei em matar alguém”. A reforma íntima pode até ser um pouco dolorosa, todavia só mudará o “lobo mal” aquele (a) que admitir a sua existência dentro de si.
O que é interessante refletir sobre essa ideia do inocente “lobo bom” no meio de uma realidade caótica como a que vivemos é que quando eu fui assistir a série: “Os 13 Porquês”, eu senti um mal estar tamanho por que eu percebi que eu estava entre os 13 por quês em relação a algumas garotas da minha adolescência. Isso por que a ignorância me fez naturalizar atitudes machistas e preconceituosas que feriam-nas. Então a série “Os 13 Por quês” fez com que eu me colocasse no lugar da vítima na ficção e pela verossimilhança pensasse em situações que eu fui alguns desses 13 por quês na vida de alguém.
Na obra: “Todos Contra Todos” de Leandro Karnal é dito que segundo o filósofo Thomas Hobbes:
“Os males imperam, entre outras razões, porque a natureza humana é regida pelo egoísmo e pela autopreservação. Portanto, o homem não possui uma disposição natural para a vida em sociedade – homo homini lupus, na sentença latina que significa que o homem é o lobo do homem, reformulada por Plauto (254-184 a.C.) e popularizada por Hobbes no século XVII.” A constatação acima “os males imperam” é forte tanto de ler como percebê-los na realidade, mas é sempre bom ressaltar que a beleza também existe na realidade, contudo quem tapa os olhos para o caos se aliena em relação a ele e quando a desgraça chega até você, é comum que você se desmorone por ter construído um castelo de ilusões onde só a beleza tinha espaço no seu campo de visão. Por outro lado quem constata que “a desgraça é a regra” pode se aprisionar nos labirintos do desânimo, cometer suicídio. Portanto, a postura mais sensata, a meu ver, é “o caminho do meio” proposto por Buda. Ou seja, eu sou sempre bom e mal e nunca bom ou mal e na realidade coexistem a beleza e o caos e eu preciso estar ciente dos dois lados. Leia o livro: “Reforma Íntima sem Martírios” disponível em PDF, Assista o documentário: “O Efeito Sombra” disponível no You Tube. Já é um bom começo!
Rodrigo Santana Costa é professor e escritor ipiraense. Publicou a obra: “Clarecer”