Julia Vergin – Segunda, 11 de setembro de 2023
A terra treme regularmente em muitas áreas do mundo. A Cordilheira do Atlas, no Marrocos, é uma delas. Mas como se formam os abalos sísmicos?
Na noite da última sexta-feira (08/09), um terremoto com magnitude de pelo menos 6,8 graus sacudiu o Marrocos. Com seu epicentro na Cordilheira do Atlas, a cerca de 70 quilômetros de Marrakech, ele também foi sentido na vizinha Argélia e no extremo norte de Portugal. O sismo provocou quase 2.500 mortes. O terramoto ocorreu a uma profundidade de 18,5 quilômetros, considerada de baixa profundidade, o que potencializou os danos, já que havia uma camada menor de rochas para observer o impacto.
Por que a Cordilheira do Atlas está sujeita a terremotos?
A Cordilheira do Atlas se estendem pelos países do norte da África, Marrocos, Argélia e Tunísia, cobrindo uma extensão de cerca de 2.300 quilômetros. É a chamada cordilheira dobrada, formada pela colisão de duas placas terrestres: a placa euroasiática, ao norte, e a placa africana, ao sul.
“A Cordilheira do Atlas ficam na fronteira das duas placas e, portanto, são conhecidas como zonas sísmicas”, diz Fabrice Cotton, professor de sismologia no Centro de Pesquisa Geográfica (GFZ) em Potsdam, na Alemanha.
Nesta cadeia de montanhas também fica o maior pico do norte da África, o Monte Toubkal, com de 4.167 metros de altitude.
O Marrocos já foi palco de fortes terremotos no passado, incluindo um em 2004, na cidade de Al Hoceima, no nordeste do país, que deixou mais de 628 mortos. Em 1960, um terremoto que atingiu Agadir provocou mais de 12 mil mortes.
Como ocorrem os terremotos?
A crosta terrestre é construída como uma espécie de quebra-cabeça composto por muitas peças: algumas placas oceânicas gigantescas e várias pequenas placas continentais da crosta. Quantas placas pequenas e menores realmente existem é uma questão de debate na ciência.
As diversas placas “flutuam” no interior líquido da Terra. Devido ao inchaço do magma do núcleo da Terra em alguns pontos de fratura, elas se deslocam e migram alguns centímetros por ano. Isso vem acontecendo há bilhões de anos, sendo, portanto, completamente normal. Elas se afastam uma da outra, se friccionam ou se repelem, fazendo com que o continente acima se mova. Tais movimentos são chamados de tectônica de placas.
A tectônica de placas faz com que as placas fiquem presas umas às outras. As tensões na rocha aumentam e, quando ficam muito grandes, podem ser liberadas repentinamente. A partir deste epicentro, as ondas de pressão se espalham pela superfície da Terra e são sentidas como terremotos.
É por isso que regiões situadas acima das chamadas falhas geológicas, ou seja, onde duas placas tectônicas da crosta terrestre se encontram, são mais propensas a abalos. A partir de 5,0 na chamada escala Richter, que os sismólogos usam para indicar a intensidade de um terremoto, podem ocorrer danos visíveis em edifícios, por exemplo.
Se um terremoto ocorrer sob o oceano, isso pode gerar tsunamis. Essas ondas, que se propagam em alta velocidade, podem causar inundações devastadoras quando atingem a terra. Devido à constante atividade sísmica em regiões nas bordas das placas, é muito difícil prever terremotos mais severos, disse o sismólogo Cotton.
O que são tremores secundários?
Fortes terremotos são quase sempre seguidos por uma série de tremores menores. Esses tremores secundários ocorrem porque as placas tectônicas no epicentro ainda estão se movendo para frente e para trás e estão lentamente entrando em repouso. Mas mesmo os tremores secundários mais fracos podem causar grandes danos: edifícios eventualmente danificados pelo terremoto principal acabam desabando e levando a um número ainda maior de mortos, feridos e desabrigados.
“A única maneira de proteger as pessoas contra terremotos é através de construções à prova de terremotos”, diz Cotton.
Fonte: DW