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Praticantes do candomblé, alunas são relacionadas a mal estar de colegas e sofrem ataques

Bahia

Duas irmãs praticantes do candomblé foram apontadas como causadoras de um mal estar geral entre alunos de uma escola de Lauro de Freitas, ocorrido na última sexta-feira (22). O pai das garotas relatou que elas foram vítimas de intolerâcia religiosa, supostamente proibidas de retornar à escola e recebendo ameaças de morte nas redes sociais.

Foram veiculadas na mídia baiana, nesta segunda-feira (25), relatos de pais assustados com o que eles chamaram de “seita demoníaca” na Escola Municipal Dois de Julho, que teria feito alunos passarem mal. Em contato com o Metro1, um professor da instituição, que pediu para não ser identificado, afirmou que as histórias são falsas e intolerantes.

As duas irmãs acusadas de realizar o suposto ritual fazem parte de uma religião de matriz africana. O pai das meninas, candomblecista, disse à TV Aratu que foi chamado pela Escola 2 de Julho na última sexta-feira (22), e encontrou as suas filhas isoladas, enquanto alunos se jogavam no chão e funcionários oravam. 

“Não vi nenhum tipo de seita”, afirmou o pai, sem identificação, à reportagem. “Aqui na escola, não teve nenhuma ritualística de Candomblé. O que teve foram alunos dizendo que estavam com espírito entre eles mesmos”, disse. Ele indicou que, após a situação, a diretoria da escola o proibiu de retornar à escola, assim como as suas filhas. 

O pai acredita que a situação foi motivada por intolerância religiosa. “Porque nós somos de Candomblé. Quer dizer que eu tenho que renegar as minhas raízes por causa de um motim de alunos? Gente, onde é que vamos parar com isso?”, questionou ainda à TV Aratu.

Ao Metro1, o professor confirmou a versão do pai das meninas. “Eu estava lá na sexta-feira e não foi nada daquilo que estão falando, confundiram muita coisa, houve muita distorção. Tivemos aula normal e uma das alunas da escola é seguidora de uma religiao de matriz africana, passou por um ritual de iniciação e ela manifestou isso na aula. Como a gente trabalha com um público de 10 a 18 anos, alguns alunos mais novos não compreenderam aquilo e se assuataram”, conta.

“O que aconteceu foi uma espécie de histeria coletiva. Alguns alunos passaram mal, foram socorridos, mas não houve nada do que foi colocado ali. No periodo pós-pandemia, os alunos estão mais sensíveis, têm tido transtornos emocionais, o que antecedeu isso são alunos deprimidos. Sou professor há 22 anos e isso acontece. Essas distorções não ajudam em nada”, continua.

Procurada, a Secretaria Municipal de Educação de Lauro de Freitas (SEMED) informou, em nota, que abriu uma sindicância nesta segunda-feira (25), na qual serão ouvidos estudantes, pais e profissionais da Escola Municipal 2 de Julho, para apurar o que, de fato, aconteceu.

A SEMED disse que as aulas foram suspensas nesta segunda-feira (25) por causa do ocorrido. “A previsão é de que sejam retomadas nesta terça-feira (26), com a presença de psicólogos para fazer o acolhimento dos estudantes”, diz a nota.

Na sexta-feira (22), dia do incidente, os estudantes que não se sentiram bem foram encaminhados para a emergência da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itinga, que fica ao lado da escola, e logo após o atendimento médico foram liberados, afirma o comunicado.

Fonte: Metro1