Com as valorizações, no final de março, a arroba bovina já voltou a ser negociada praticamente nos mesmos patamares registrados em meados de fevereiro, antes de a suspensão dos envios ser anunciada.
Depois de oscilarem ao longo da primeira quinzena de março, os preços do boi gordo subiram na segunda metade do mês, recuperando as perdas que foram registradas nas semanas anteriores. O suporte veio sobretudo da retomada dos envios de carne à China no dia 23 de março, que gerou expectativas positivas dentre agentes do setor nacional, e também da restrição vendedora – muitos pecuaristas aproveitaram as boas condições das pastagens para segurar os animais no campo.
A retomada dos embarques à China já era esperada para o curto prazo por agentes do setor nacional, que se fundamentavam na necessidade de compra por parte do país asiático, diante da oferta mundial da proteína mais restrita.
Com as valorizações, no final de março, a arroba bovina já voltou a ser negociada praticamente nos mesmos patamares registrados em meados de fevereiro, antes de a suspensão dos envios ser anunciada. Vale lembrar que o Indicador do boi gordo Cepea/B3 encerrou fevereiro a R$ 267,95, com expressiva queda de 7,2% no acumulado daquele mês, sendo que, até o dia 22 de fevereiro, antes da suspensão dos envios, o Indicador acumulava alta, de 3,74%, e operava em torno dos R$ 300.
Já em março, o Indicador acumulou expressivo avanço de 10,45%, fechando a R$ 295,95 no dia 31. Trata-se, inclusive, da maior elevação no acumulado de um mês desde novembro de 2021, quando o Indicador avançou significativos 25,26% e o setor nacional atravessava justamente uma suspensão dos envios de carne à China, por conta de um caso atípico de vaca louca no início de setembro de 2021.
Exportações
As exportações brasileiras de carne bovina in natura no primeiro trimestre de 2023 registraram o segundo melhor desempenho da história para esse período. Vale lembrar que a suspensão dos envios de carne bovina à China evitou que o resultado fosse ainda melhor.
De janeiro a março deste ano, as vendas externas somaram 411,08 mil toneladas, abaixo apenas do mesmo período de 2022 (-12,36%), quando os envios foram recordes para o período, segundo dados da Secex. Já frente ao primeiro trimestre de 2021, observa-se forte aumento de 19,75%.
Em março, especificamente, o volume exportado pelo Brasil foi apenas o quinto maior para o mês, considerando-se a série histórica da Secex. Foram escoadas 124,43 mil toneladas, atrás dos volumes de março dos três anos anteriores (2022, 2021 e 2020) e de 2007. Em relação ao volume de fevereiro/23, houve retração de 1,6% e, frente ao de março/22, de expressivos 26%, ainda de acordo com dados da Secex.
Além de a quantidade embarcada ter recuado por conta da suspensão chinesa, chama a atenção a desvalorização da tonelada da carne exportada em março/23, que chegou ao menor patamar desde abril/21. De acordo com dados da Secex, em março/23, o preço médio pago pela tonelada da carne foi de US$ 4.812,05/tonelada, 0,9% abaixo da de fevereiro/23 e 18,43% inferior à de março/22. A média de março/23, inclusive, ficou 17,3% inferior à dos últimos 12 meses (de março/22 a fevereiro/23), de US$ 5.816,6/tonelada.
Com a retração das vendas externas e a desvalorização da carne exportada em março, a receita arrecada também caiu. Em março, o montante somou US$ 598,79 milhões, queda de 2,47% frente ao de fevereiro/23 e 40,09% inferior ao de março/22, ainda conforme dados da Secex. No trimestre, a receita foi de US$ 1,9 bilhão, baixa de 24,01% frente ao primeiro trimestre de 2022.
Fonte: Assessoria Cepea