CARACAS (Reuters) – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, é esperado em São Vicente e Granadinas nesta quinta-feira para se reunir com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, em meio a altas tensões sobre uma disputa envolvendo uma área de fronteira potencialmente rica em petróleo.
O desacordo sobre a região de selva de Essequibo, com 160.000 km², existe há décadas, mas a Venezuela reativou sua reivindicação, incluindo de áreas offshore, nos últimos anos, após grandes descobertas de petróleo e gás.
A disputa está sendo julgada pela Corte Internacional de Justiça, embora uma decisão final possa demorar anos. Os eleitores da Venezuela rejeitaram este mês a jurisdição do tribunal e apoiaram a criação de um novo Estado em um plebiscito.
A Guiana questionou a participação na votação e disse que sua fronteira terrestre não está em discussão, enquanto analistas políticos em Caracas disseram que a votação foi uma tentativa de Maduro de avaliar o apoio ao seu governo antes das eleições presidenciais de 2024, e não um prelúdio de invasão.
O primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, que também atua como presidente pro tempore da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), deve ser o anfitrião da reunião, que ele anunciou no fim de semana.
“Esperamos conseguir um relaxamento das tensões e diminuir a agressividade do discurso da Guiana”, disse o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, a jornalistas no início desta semana, reiterando os comentários de Maduro e seus aliados de que a votação lhes deu um mandato para controlar o Essequibo.
Ali, da Guiana, afirmou que seu país defenderá sua soberania e fronteiras e que a Venezuela deve diminuir o ritmo de seus avanços em relação à Guiana.
Maduro disse na semana passada que autorizaria a exploração de petróleo em Essequibo, o que provocou a ira de Ali, que procurou garantir aos investidores com projetos já aprovados pelo governo guianense, incluindo a Exxon Mobil e a futura parceira Chevron, que seus investimentos estão seguros.
As áreas offshore são responsáveis pela totalidade da produção de petróleo na Guiana, cuja economia está em expansão graças à produção, que deve dobrar para mais de 1,2 milhão de barris por dia até 2027.
“Não vamos a lugar nenhum – nosso foco continua sendo o desenvolvimento dos recursos de forma eficiente e responsável, conforme nosso acordo com o governo da Guiana”, disse a Exxon esta semana, acrescentando que as alegações do governo de Maduro de que a empresa estaria envolvida no financiamento de um complô para prejudicar o plebiscito são “ridículas e sem fundamento”.
(Reportagem de Mayela Armas em Caracas, reportagem adicional de Sabrina Valle em Houston)
Fonte: Reuters