Exportações e cadeias de suprimento estão ameaçadas por possíveis retaliações, e setor teme alta nos custos e perda de competitividade.

As possíveis sanções secundárias à Rússia, lideradas pelos Estados Unidos com apoio da OTAN, colocam o Brasil em uma posição diplomática sensível e economicamente vulnerável. A forte dependência brasileira de insumos estratégicos, especialmente fertilizantes e combustíveis, torna o agronegócio um dos setores mais suscetíveis aos impactos imediatos de eventuais restrições comerciais.
Embora existam alternativas viáveis para a importação de fertilizantes, como Canadá, Marrocos e países do Oriente Médio, a transição para novos fornecedores não ocorre da noite para o dia, avalia os analistas da Consultoria Agro Itaú BBA. Além da concorrência com outros países afetados pelas restrições, o Brasil teria de enfrentar custos logísticos mais altos e renegociar contratos em meio à instabilidade geopolítica.
No curto prazo, os impactos seriam sentidos diretamente na competitividade do setor agrícola brasileiro, pressionando as margens dos produtores e, possivelmente, gerando reflexos sobre os preços ao consumidor final. O cenário se torna ainda mais complexo diante das incertezas que cercam o ritmo e a intensidade das sanções.
Segundo relatos de senadores brasileiros que estiveram recentemente em Washington, há articulação no Congresso norte-americano para a criação de uma lei específica impondo sanções a países que continuarem negociando com a Rússia. A informação foi repassada durante encontros com parlamentares dos partidos Democrata e Republicano, ampliando o grau de alerta entre diplomatas e representantes do agronegócio.
Com o prazo para adoção das sanções se encerrando em 08 de agosto, o setor produtivo acompanha com atenção cada movimento internacional. O momento exige monitoramento constante, articulação política e capacidade de adaptação para mitigar riscos em um ambiente marcado por alta volatilidade e imprevisibilidade diplomática.
Fonte: O Presente Rural / Fotos: Shutterstock