Pressão nos preços das aves diminuem margens na avicultura

economia

As exportações de carne de frango in natura continuaram fortes em julho.

Os casos de gripe aviária no país continuam aumentando, somando 84 até o último domingo (20), sendo dois em criações de subsistência e os demais em aves silvestres. Apesar de o Japão ter bloqueado o Espírito Santo e Santa Catarina na ocasião da divulgação dos casos, a suspensão foi restringida aos municípios afetados, após a visita do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, ao país asiático.

As exportações de carne de frango in natura continuaram fortes em julho (404,6 mil t), alta de 5,6% sobre julho de 2022 e 7,9% no acumulado do ano. Embora o preço de embarque tenha apresentado recuo de 2,1%, o spread de exportação subiu de 74% no mês anterior para 76% em julho, dada a queda do custo de produção. Já na parcial de agosto até a segunda semana, o indicador sugere acomodação em função de um novo recuo no preço.

Por outro lado, apesar do bom escoamento externo, os preços no mercado doméstico seguiram enfraquecidos até o final de julho, com a oferta interna elevada. Porém, no início de agosto, as cotações começaram a reagir, voltando para os R$ 6,5/kg no estado de SP, embora quando comparados com o ano passado, a redução seja de 21%. E com os preços relativamente fracos diante da alta oferta, a margem da avicultura seguiu contida mesmo com os custos de produção se acomodando. Estimamos o spread próximo de -1% em agosto na média ponderada dos estados do Paraná e Rio Grande do Sul.

O IBGE indicou que os abates de aves no 2T 23 foram 4,7% maiores sobre o igual trimestre do ano anterior, mas o maior peso médio das carcaças expandiu a produção de carnes em 7,2%.

Cenário é favorável desde que a produção se alinhe à demanda

Com os custos de ração contidos no Brasil e o risco de uma grande reviravolta na safra americana dissipados, entendemos que o cenário para a avicultura é favorável. Certamente, a  preocupação com a gripe aviária seguirá presente, dado que o vírus está circulando entre aves silvestres no país, o que, consequentemente, mantém incerto o que poderá ocorrer em caso de avanço para o sistema de produção comercial.

Com o setor e o Ministério da Agricultura juntos no acompanhamento do assunto e os bons resultados obtidos após as negociações com o Japão, é de se esperar ação semelhante de regionalização caso novos bloqueios venham a ocorrer. Entretanto, enquanto os casos avançam em aves silvestres, o melhor a se fazer é reforçar a biossegurança do sistema.

Na China, os preços da carne de frango no atacado seguem firmes desde o início do ano. A perspectiva do USDA é de que o país produza 14,3 milhões de toneladas neste ano, igual ao ano anterior, enquanto as importações são previstas em 755 mil toneladas(7,2% acima do ano passado), isso após subirem 8,8% no ano anterior.

Vale destacar que, assim como temos observado, o alívio dos custos pode ser neutralizado pelo excesso de produção, caso o setor siga demasiadamente acelerado. Vemos com bons olhos a perspectiva de exportações para os próximos meses e a possibilidade de os preços do suíno na China continuarem subindo tende a ajudar na sustentação dos preços das demais carnes, além de aumentar a competitividade do produto importado.

Fonte: Consultoria Agro do Itaú BBA

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