Em caso de ingestão, Cristina Andrusaitis Sandron alerta: “Não provoque vômito, não dê água, não dê leite, porque em muitas das situações isso vai piorar a intoxicação”
Por Simone Lemos – Domingo, 16 de janeiro de 2022
Quem tem criança em casa sabe que não pode descuidar um minuto. Quando elas estão na faixa etária de 1 a 4 anos, a curiosidade é muito grande, por esse motivo a atenção deve ser redobrada. Cristina Andrusaitis Sandron, farmacêutica e coordenadora do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica) do Hospital das Clínicas da FMUSP lembra que, muitas vezes, o acesso a produtos tóxicos é muito fácil. “Aquela fase em que a criança está bem curiosa, começou a andar, engatinhar, começa a abrir tudo e pega as embalagens do produto para ver o que tem dentro” é a que requer mais atenção.
Detergente, água sanitária, produtos para limpar o vaso sanitário e amaciante, que costumam ficar ao alcance das mãos dos menores, são os de maior risco. A farmacêutica lembra que muitos pais compram produtos a granel, o que é um perigo. “Nem sempre eles são bem rotulados e há quem guarde em locais de fácil acesso.” Buscando evitar que acidentes ocorram, os pais ou adultos responsáveis devem tomar alguns cuidados, como explica a coordenadora do Ceatox. “A primeira coisa é guardar em locais altos e trancados, porque elas são muito espertas. Elas conseguem pegar uma escadinha. Nós temos muitos casos de crianças que pegam uma banquetinha, que sobem em cima de cômodas, nas gavetas. Então não basta deixar no alto, tem de deixar trancado e orientar que aquilo é uma coisa perigosa”, informa Cristina.
Perigo ronda crianças de 1 a 4 anos
Os índices de atendimento mostram que os acidentes são mais comuns na faixa etária de 1 a 4 anos, mas é recomendado atenção até por volta dos 9 anos, porque muitas vezes crianças dessa idade não têm discernimento. Em caso de acidente, como, por exemplo, a ingestão de um produto químico, calma é a recomendação. Segundo Cristina, não se deve fazer nada sem a indicação de um médico. “Não provoque vômito, não dê água, não dê leite, porque, em muitas das situações, isso vai piorar a intoxicação.” A toxicidade ou não em um acidente depende do volume de produto ingerido. “Às vezes, você ingere pouca quantidade de um produto que é muito tóxico. Não necessariamente precisa ser uma ingestão elevada. Então, vamos considerar tudo igualmente como se fossem tóxicos e não deixar nenhum ao acesso das pessoas”, orienta a especialista.
O Ceatox funciona 24 horas por dia e, em caso de emergência, pode auxiliar e indicar como se deve agir. “No momento do atendimento, o plantonista vai pegar algumas informações para poder checar se o que o paciente está apresentando realmente bate com a ingestão do produto, por que, às vezes, a pessoa pensa que é uma coisa, mas, na verdade, ingeriu outra. Orientações vão ser dadas para ver se a pessoa pode ficar em casa ou se precisa ir para um pronto-socorro ou posto de saúde para fazer um atendimento.” Em caso de envenenamento ou intoxicação ligue: 0800-0148110.
Fonte: Jornal USP
Fotomontagem/Jornal da USP com imagens de Pixabay e FlatIcon