Em 2021, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) apontou que a aprendizagem de português e matemática na Bahia está entre as duas piores do país, enquanto o desempenho do Brasil em matemática aparece entre as 16 piores do mundo segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). Apesar das estatísticas, os docentes baianos se destacam pela formação célebre e entusiasmo pela educação. É o caso do professor de matemática José Fábio de Araújo Lima, que está entre os 20 melhores professores do Brasil após se classificar como finalista da Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMBr).
Formado em matemática pela Universidade Estadual de Feira de Santana, a Uefs, o professor do Centro Integrado de Educação Assis Chateaubriand (CIEAC), em Feira de Santana, afirma que “a ideia é inspirar”. “Quando eu vou para sala de aula, o principal objetivo é fazer com que aquele aluno perceba que se ele se dedicar ele pode mudar aquela condição social na qual ele vive, então eu, sempre que começo um ano letivo, já chego em cada sala com esse propósito. Nem sempre a gente consegue em todos os alunos, em todas as turmas, mas geralmente a gente consegue fazer com que muitos deles se dediquem um pouco mais”.
Natural de Tanquinho, município da região centro norte do estado, José Fábio conta que trabalhava na zona rural da cidade até conseguir se mudar para estudar na universidade. “Nasci na zona rural, cresci lá, eu sou aquela pessoa que tinha tudo para dar errado. A gente crescia fazendo todas as tarefas da zona rural e na época, da primeira série até a quarta série, era com a mesma professora, todo mundo junto na mesma sala. Quando terminei a quarta série, a prefeitura colocou um caminhão com bancos de madeira e pela primeira vez as pessoas que moravam na zona rural tiveram a oportunidade de estudar, fazer a quinta série na zona urbana. E eu fui, eu sempre gostei bastante de estudar. Fiz o meu primeiro vestibular na UEFS e perdi no primeiro vestibular e passei no ano 2000”, detalhou.
Foto: Arquivo Pessoal
O matemático também ressaltou que o sonho da Universidade custava caro. E para a manutenção da sua estadia no curso, José Fábio explica que teve que conciliar o trabalho e a vida acadêmica. “Ao mesmo tempo, as condições financeiras para mudar de uma cidade para outra eram muito duras. Não sei se foi sorte ou o meu esforço, a gente pode juntar um pouquinho de cada coisa, eu passei em um concurso para recenseador no Censo Demográfico. E eu trabalhei três meses para o IBGE e com esse dinheiro eu consegui me sustentar aqui por quase um ano, fazendo o curso de matemática”, disse o docente.
O caminho até a sala de aula não foi demorado. Após o final do curso, o professor passou no concurso da rede estadual de ensino e desde então cresceu o entusiasmo pelas Olimpíadas de Matemática. “Desde 2005, eu trabalho com preparação de alunos para Olimpíadas de Matemática [A Olimpíada Brasileira de Matemática (OBMEP)]. A gente sempre está incentivando os alunos a participar, às vezes a gente monta alguns cursos. Criamos na escola estadual uma olimpíada de matemática própria no ano 2007. A gente fez a escola ser premiada na OBMEP, voltada para alunos, mas que também premia professores”.