Projeto inovador: escola em Campo Formoso usa álbum de figurinhas para ensinar matemática

cidades educação

Por Ronne Oliveira

O projeto Alavancas, uma iniciativa do Instituto Rodrigo Mendes, tem sido destaque para promover a inclusão e a melhoria do ensino de matemática em Campo Formoso, no norte da Bahia. O Colégio Municipal Manoel Ricardo de Almeida, localizado no povoado de Baixio, foi um dos 10 municípios do país selecionados para participar desse projeto, que visa tornar a educação mais acessível e de qualidade.

O Colégio chega a atender 493 estudantes, incluindo 20 com deficiência, implementou o projeto “Educação para Todos e para Cada Um — Álbum de Figurinhas” com uma turma do 3º ano do ensino fundamental. A cidade registra um desempenho fraco na educação básica, destacando demandas para o ensino local.

Entrada da cidade de Campo Formoso | Foto: Reprodução / mateus Pereira

Segundo dados divulgados em agosto pelo Ministério da Educação (MEC) através do Índice da educação básica (IDEB) mostram que o município de Campo Formoso não chegou a atingir a meta estabelecida para 2023, pontuado somente 3.8 com uma meta de 4.5, ou seja, tendo uma a classificação de “insuficiente” no ranking sobretudo em Matemática.  

Através do curso de formação do projeto Alavancas, as professoras como Gileusa Torres, Iraildes Silva e Valdione Santos aplicaram o método de ensinar matemática usando álbuns de figurinhas para ensinar o sistema monetário brasileiro.

O projeto envolveu quatro aulas, onde as crianças compravam pacotes de figurinhas com dinheiro fictício, aprendendo a lidar com troco e a realizar trocas entre colegas. A abordagem prática permitiu que os alunos desenvolvessem habilidades de cálculo e argumentação, além de melhorar a interação social

A ideia foi adaptar o conteúdo para a realidade dos alunos, muitos filhos de vendedores e feirantes, permitindo que vivenciassem situações práticas de compra e venda, como explica a professora da escola, Gileusa Torres. 

“Nos envelopes, havia oito figurinhas, sendo que uma sempre era repetida, para provocá-los a realizar a troca entre eles. Da mesma maneira, cabia a eles entregar à banca o valor correto para a compra de cada pacote e conferir o troco. Eles podiam adquirir quatro pacotes por dia, mas não de uma vez”, conta Gileusa Torres. 

Aluna sendo instruída a usar o método pela professora | Foto: Divulgação / Renato Ramalho 

Selene Coletti, gestora e colunista da Nova Escola, destacou que a presença de estratégias significativas para a aprendizagem é o segredo, elogiando o projeto pela sua conexão com a realidade dos alunos e pelo impacto positivo observado.

“Um exemplo de sucesso é conhecer seus estudantes e planejar diferentes maneiras, como essa do álbum ou outras brincadeiras com objetivo de favorecer a aprendizagem. Depois, levar para a turma, as possibilidades, demonstrando que os interesses de cada um poderão ser contemplados em outros momentos”, destaca a gestora.

 

O Instituto Rodrigo Mendes, responsável pela instrução do projeto, explica que para essa realização foi necessário financiamento e parcerias, entre elas o apoio do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Movimento Bem Maior, do Instituto Ambikira e do Instituto Machado Meyer.

Em contato com o Bahia Notícias, representantes na atuação do projeto na cidade explicaram que o desempenho do trabalho foi notável e inclusivo devido aos esforços dos professores locais. Como explica Valdione Santos, coordenadora pedagógica no Colégio.

“O Alavancas contribuiu de modo muito significativo com a formação continuada dos professores de Campo Formoso: incentivou o uso de práticas pedagógicas inovadoras na sala de aula e o desenvolvimento de metodologias ativas, habilidades significativas, trabalho em equipe e protagonismo de todos os alunos”, afirma a coordenadora.

Para Katia Cibas, em entrevista ao Bahia Notícias, coordenadora de formação no Instituto Rodrigo Mendes, ações como essa mudam muito a individualidade de cada aluno do colégio: “O aluno com transtorno do espectro do autismo (TEA), especificamente, passou a interagir mais com os demais colegas e participar das atividades propostas em sala de aula”, confirma Katia.

“Os professores encararam com garra o desafio da implementação. Os familiares, especificamente, no início estavam um pouco receosos e com dúvidas sobre o projeto do álbum de figurinhas, se era uma iniciativa válida para a aprendizagem. Mas ao notar que os alunos estavam engajados, satisfeitos e aprendendo, entenderam ser uma experiência positiva”, responde à instituição.

Fonte: BN / Foto: Divulgação / Renato Ramalho


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *