Projeto soteropolitano ‘Livres Livros’ promove o amor pela leitura há quase uma década; conheça a iniciativa

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Fundado pela escritora baiana Raíssa Martins e inaugurado no ano de 2015, em Salvador, o projeto “Livres Livros” distribui livros e boas histórias na Bahia. A iniciativa, que espalhou minibibliotecas pela cidade acaba de ganhar uma nova sede para continuar fomentando o amor pela leitura na cidade e no estado.

Atualmente, o projeto Livres Livros possui um acerco com cerca de 10 mil exemplares e distribui as publicações para comunidades espalhadas pela Bahia, além de bibliotecas.

Em entrevista ao Alô Alô Bahia, Raissa contou como o projeto nasceu e se desenvolveu. “A gente começou nossa caminhada em maio de 2015, instalando a primeira mini-biblioteca na Praça Ana Lúcia Magalhães. A nossa meta era instalar 50 mini-bibliotecas e já conseguimos 62 em cinco municípios, em mais de 30 bairros diferentes”.

O projeto também tem um clube de leitura social.”Quem pode, adota leitores que passam a receber em suas casas, seja em regiões periféricas, zona rural, assentamento agrário, kits literários mensais, que são levados de bicicleta. Na inviabilidade de levar de bicicleta, a gente manda pelo correio, leva de carro, durante um ano. Eles recebem esses kits literários que são compostos por carta, poesia e livro”, conta.

Raissa relata que, durante os dez anos de trajetória, tem se ocupado de fazer pesquisas para entender as principais dificuldades que as pessoas têm para acessar livros e entender os fatores sociais que estão envolvidos no processo de afastamento da leitura – especialmente dos leitores mais jovens.

“Por exemplo, uma das fontes primárias de acesso ao livro é na escola. Daí, vem perguntas como: ‘há escolas que não têm biblioteca, como isso impacta na vida das crianças?’A partir disso, a gente faz  iniciativas que permitam transpor esses obstáculos’, conta.

Desde o início do projeto, houveram quatro sedes – sendo a recém-inaugurada, a quarta. O novo espaço fica no Edifício Civil Towers, no bairro do Costa Azul, em Salvador.

“Essa é a quarta ocupação que a gente faz. Temos pinturas de Mil Monteiro, Juliana Pina, é um espaço muito ocupado por mulheres, mulheres de comunidade. É um movimento para essas mães da comunidade que a gente se relaciona, que são associadas do projeto. Somos uma ponte entre quem pode ajudar e quem precisa de ajuda”, contextualiza.

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Uma das atividades que promete movimentar a nova sede é um Sarau de Poesia com mulheres, marcado para o próximo dia 12 de julho.

Na sede do projeto, as pessoas podem fazer uma carteirinha para se associar e pegar livros emprestados, como se fosse uma biblioteca. “A diferença é que quando a pessoa quer um livro e aqui não tem, a gente compra. É uma forma também de a gente usar esse investimento que ela faz na anuidade para fortalecer o acervo do projeto com livros novos e atuais”, diz Raíssa.

“Temos várias outras iniciativas aqui também na sede. A gente tem um Brechó da Prosa & Poesia, onde as pessoas que são associadas ao projeto compram as roupas declamando poesia: a moeda de compra é a poesia. E para as pessoas que não são associadas ao projeto, elas podem comprar com recurso, com dinheiro. Aqui também é um espaço de convívio para clubes de leitura, para reuniões, encontros literários, lançamento de livros, saraus. É um espaço que foi montado para a gente interagir a partir do livro e com o livro”, acrescenta.

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Poder da Leitura

Raíssa relembra a inspiração para o projeto Livres Livros. “Nós nascemos inspirados na Little Free Library, que é uma fundação americana, que eu conheci em uma das viagens que eu fiz, pela Califórnia, e vi essas casinhas espalhadas por lá. Lá nasceu com um senhor chamado Todd Ball, que a mãe dele era professora, faleceu, e ele não sabia o que fazer com os livros da mãe. Então ele construiu casinhas, construiu uma casinha e colocou na porta a casa dele. Todo dia de manhã ele colocava livros da mãe dele para as pessoas pegarem. Começou a encomendar e outras pessoas começaram a encomendar e rapidamente ele tinha mais de 150 mil unidades espalhadas no mundo inteiro associadas a Little Free Library. Nosso projeto é chancelado por essa fundação americana. Todas as casinhas que a gente tem, tem a plaquinha da Little Free Library. E a gente fez além, porque lá eles só instalam as casinhas. Aqui não, aqui a gente faz um trabalho de pesquisa, de diálogo com a comunidade”, registra.

A escritora, apaixonada pelo que faz, diz acreditar no poder da literatura – e essa crença é o que movimenta o projeto em seus quase dez anos de atuação. Para Raíssa, uma das missões da iniciativa é quebrar a ideia de que brasileiro não gosta de ler.

“O povo gosta de ler. A questão é o acesso, que não é facilitado. A gente tem uma história cruel, em que até recentemente, mulheres, pessoas pretas e pessoas pobres não tinham acesso à leitura, não podiam ler, eram até proibidas de fazer isso. Então a gente tem isso no nosso DNA, temos uma população de baixa renda que acha que livro não é para elas e a presença do livro na casa delas não é natural e nós trabalhamos diariamente para quebrar essa narrativa. Livro é para todos, basta querer ler, gostar de ler e a gente está aqui para colocar o livro na mão dessas pessoas e mostrar que ler é poder”, finaliza.

* Reprodução/Redes sociais

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