Um protesto de ex-rodoviários da extinta Concessionária Salvador Norte (CSN) atrasou a saída de ônibus da garagem de outra empresa, no bairro de Porto Seco Pirajá, em Salvador, nesta quarta-feira (23).
Os ex-funcionários chegaram no local ainda no final da madrugada e negociaram com trabalhadores dessa garagem, para que os coletivos só saíssem do local às 8h. O pedido foi atendido. No entanto, a Polícia Militar foi chamada e interviu na situação.
Cerca de 15 PMs estiveram no local e negociaram com os manifestantes. Os 600 ônibus da OTTrans foram liberados por volta das 6h30. Os coletivos da empresa circulam por várias regiões da cidade, como Barra, Sete Portas e Castelo Branco.
Entenda o impasse
Após o fim da operação da CSN, parte dos profissionais foi admitida pelos dois consórcios em operação na cidade (OTTrans e Plataforma). No entanto, outros não foram contratados, nem receberam os pagamentos que tinham direito.
Os trabalhadores também pedem que os outros rodoviários sejam recontratados pelas empresas que seguem atuando no sistema de transporte público da capital baiana. No fim do ano passado, a prefeitura de Salvador disse que cerca de 1,6 mil rodoviários já haviam sido admitidos pelas companhias e outros estão em cursos de requalificação profissional e treinamentos.
O problema com a CSN começou em junho de 2020, quando a prefeitura de Salvador decretou a intervenção da empresa, após ser informada pelo Sindicato dos Rodoviários de que a CSN vinha descumprindo acordo coletivo assinado com a categoria, além de atrasar constantemente o adiantamento salarial e o tíquete alimentação.
Já em março de 2021, a empresa teve o contrato rescindido pela prefeitura, após um relatório de uma auditoria apontar diversas irregularidades na gestão do contrato.
Em julho de 2021, o Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5-BA) homologou um acordo firmado entre a prefeitura de Salvador, o Sindicato dos Rodoviários e o Grupo Concessionária Salvador Norte (GCSN), pendente da transferência de R$ 20.637.746 pelo município, para ser efetivado e garantir o pagamento de dívidas trabalhistas.
Já no mês de agosto, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) emitiu o documento que faltava para que a prefeitura de Salvador liberasse R$ 20 milhões, que seriam usados para pagamentos de indenizações dos trabalhadores demitidos da antiga CSN.
Ainda no mesmo mês, a prefeitura de Salvador realizou o depósito de cerca de R$ 20 milhões, que seriam usados para pagamentos de indenizações dos trabalhadores demitidos da antiga concessionária. Desde então, os trabalhadores seguem em protesto para que os valores sejam pagos a eles.
Entre os diversos protestos realizados pelo grupo de rodoviários demitidos após a extinção do Consórcio Salvador Norte (CSN), um deles ocasionou no vandalismo de 42 ônibus, no dia 14 de fevereiro deste ano.
Já no começo de março deste a extinta CSN divulgou uma carta aberta aos trabalhadores na qual lamenta os transtornos que a categoria tem passado. A empresa informou que acompanha as mobilizações feitas para eles receberem as verbas trabalhistas devidas e diz que a gestão municipal “tem condições e obrigação” de pagar a rescisão dos ex-funcionários.
Em nota, a gestão municipal repudiou a carta aberta e disse ter quitado o pagamento da sua parte no débito.
Fonte: g1 Bahia