Iniciativas da Agência Espacial Europeia devem ser lançadas ao espaço a partir de 2030
Um satélite desenhado para estudar todo o planeta Vênus e um trio de naves espaciais que surfam em ondas gravitacionais são as missões recentes adotadas pela Agência Espacial Europeia (ESA, da sigla em inglês). A primeira tem o objetivo de saber se o nosso planeta vizinho é parecido ou não com a Terra, enquanto a segunda quer saber a história do universo.
A ESA selecionou as missões anteriormente, mas a adoção oficial significa que irão selecionar os construtores para começar a dar vida aos projetos.
A agência europeia irá se unir com a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA, da sigla em inglês) para as duas missões. A previsão é que os lançamentos possam ocorrer na estação espacial da Europa na Guiana Francesa em 2030.
“Essas missões pioneiras irão nos levar ao próximo nível em duas áreas extraordinárias da ciência espacial e manter os cientistas europeus na vanguarda desses territórios”, disse Carole Mundell, diretor de ciência da ESA, em um comunicado.
Uma nova viagem para Vênus
O satélite EnVision Vênus irá estudar o planeta com detalhes nunca antes vistos, desde o núcleo interno do planeta até o topo de sua atmosfera. Isso ajudará os astrônomos a entenderem o que faz o planeta ser quente e tóxico – inabitável, diferentemente da Terra.
Quando comparado com o nosso planeta, Vênus é semelhante em tamanho e distância do Sol, mas todo o restante é diferente. Alguns pesquisadores acreditam que o planeta pode ter tido um clima semelhante da Terra em algum momento antes de se tornar tão quente.
Mas o “planeta gêmeo” é agora um planeta inóspito, com as temperaturas da superfície capazes derreter chumbo e uma pressão intensa e esmagadora como resultado de um efeito estufa descontrolado.
Os cientistas esperam que a missão responda perguntas chave sobre Vênus, como o modo que o planeta evolui ao longo do tempo e se já teve oceanos. Outros aspectos são o quão geologicamente ativo é o planeta e o que causou esse efeito estufa.
EnVision deve ser lançada em 2031 e será a primeira missão espacial a reunir informações sobre a interação entre atmosfera, superfície e interior venusianos.
Depois de uma jornada 15 meses até chegar à Vênus, EnVision passará mais 15 meses orbitando o planeta.
O satélite terá dois painéis solares implantáveis e transportará um conjunto de instrumentos que podem observar a superfície e atmosfera venusianas. A EnVision também poderá sondar as nuvens espessas e obscuras do planeta com o uso de ondas de rádio.
Essa é uma das diversas missões em desenvolvimento para estudar Vênus. Outros casos são expedições DAVINCI e Veritas da NASA, que devem ser lançadas na próxima década.
Revelando a história do universo
Quando objetos celestiais massivos como buracos negros colidem, eles emitem ondulações chamadas de ondas gravitacionais. Essas ondas se espelham por todo a galáxia e revelam informações sobre a história do universo.
Essas ondas já foram detectadas em observatórios, mas a LISA (sigla de Laser Interferometer Space Antenna, em inglês) será o primeiro observatório baseado no espaço para estudar esse fenômeno cósmico. Os observatórios da Terra possuem limitações sobre o que são capazes de detectar por causa de seu tamanho e sensibilidade. Ou seja, podem somente capturar ondas que tenham altíssima frequência.
Mas um observatório in loco no espaço pode ser muito mais preciso. LISA será capaz de detectar ondas minúsculas ou gigantes, assim como as ondas que emitem frequências baixas como as emitidas por buracos negros no centro da galáxia.
A missão LISA inclui três espaçonaves que irão viajar 2,5 milhões de quilômetros em uma formação de triângulo. Cubos dourados serão utilizados dentro de cada espaçonave para detectar as ondas gravitacionais.
A missão nasceu do sucesso da LISA Pathfinder, lançada pela ESA em 2015 para demonstrar a tecnologia que seria utilizada na busca pelo universo por ondulações cósmicas.
A nova missão irá procurar por evidência de buracos negros pela galáxia, além de estudar a formação de milhares de pares de estrelas chamadas de sistemas binários. A missão também irá olhar dentro de densos aglomerados de estrelas em diferentes galáxias para tentar medir a taxa de expansão do universo.
Além de tudo, a LISA será usada para estudar a história do universo, localizando os primeiros buracos negros que foram formados após o Big Bang.
Juntas, as três naves espaciais voarão atrás da Terra enquanto o planeta orbita o Sol, a cerca de 50 milhões de quilômetros de distância. A ESA acredita que missão deva durar quatro anos, com possibilidade de ser prorrogada.
Fonte: CNN Brasil