Quando o preço do leite pode começar a cair? Veja projeções econômicas

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Boletim mensal do Cepea, da USP, calcula uma possível redução nos custos somente a partir de dezembro, quando as chuvas devem retornar ao Brasil

Nas últimas semanas, o consumidor tem se assustado com o preço do leite nas gôndolas dos supermercados. Em Belo Horizonte, já é possível encontrar algumas marcas cujo litro é vendido a mais de R$ 8 atualmente. Mas apesar da espera da população pela redução nos valores da bebida que é fonte de cálcio e vitaminas, a notícia não é boa. O preço do leite deve continuar em alta, pelo menos, até setembro. 

Pelo menos é o que estima o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo. Em boletim publicado nesta quarta-feira (20), o órgão identificou que o valor pago aos produtores no campo pelo leite cru atingiu a quinta alta consecutiva em junho e chegou a uma média de R$ 2,6801/L no Brasil.
 
Desde janeiro deste ano, o leite no campo já teve uma valorização de quase 20%, segundo o Cepea. “As pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam forte elevação dos preços em julho (referente à captação de junho): estima-se que a “Média Brasil” líquida possa subir mais de 15%, ultrapassando o patamar de R$ 3,00/L”, informa a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol, no boletim. 

Grigol explica que o expressivo reajuste é justificado pela menor oferta de leite no campo em junho, acirrando a disputa entre as indústrias de laticínio para compra de leite cru. Como efeito da escassez da matéria prima, o consumidor final continuará pagando a conta e não só no litro de leite, que deve sofrer novos reajustes nas próximas semanas. 

“Do ponto de vista da sazonalidade, a produção só deve ser incentivada com o retorno das chuvas da primavera, em setembro. Assim, até lá, a tendência é que os preços permaneçam acima da média anual”, atesta a pesquisadora. O problema também afeta os derivados do leite. Conforme o boletim do Cepea, os preços do leite longa vida e da muçarela em São Paulo fecharam a primeira quinzena de julho batendo uma alta de 24% e 19%, respectivamente.

O litro do leite longa vida teve preço médio de R$ 6,49, enquanto o quilo do queijo foi cotado em R$ 43,69. Os dados foram obtidos pelo Cepea com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras. O motivo para a alta nos custos também é a baixa disponibilidade de leite cru, forçando os laticínios a elevar os valores dos derivados.

“Ainda de acordo com agentes do mercado, a escassez de produtos é tão intensa que as vendas seguiram aquecidas mesmo com os preços em elevados patamares. Em alguns casos, houve até mesmo a suspensão de negociações por falta de produtos”, relata Natália Grigol. 

Importações aumentam 

Em meio aos problemas observados na produção de leite no Brasil, o país aumentou em 30,2% as importações de lácteos entre maio e junho. Foram 85,26 milhões de litros equivalentes a leite vindo de outros países, conforme dados da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secex). 

Em junho, as compras externas de leite em pó registraram alta de 43% em relação a maio, chegando a aproximadamente 53 milhões de litros. O montante representa 62,1% do total das importações. O único fornecedor do produto foi o Uruguai e o preço médio subiu
4,61% frente ao mês de maio, com o quilo chegando a US$ 4,28 – o maior dos últimos 18 meses. 

Já as aquisições de queijos representaram 36% das importações, com alta de 13,4% frente ao mês anterior, somando pouco mais de 31 milhões de litros. “O aumento das importações está atrelado à menor oferta de leite no mercado interno e à forte elevação dos preços dos lácteos brasileiros, o que favoreceu a maior competitividade dos produtos internacionais frente aos brasileiros”, explica a pesquisadora.

Fonte: O Tempo

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