A situação é mais complicada do que possa parecer, já que, após a alta hospitalar, o quadro do idoso dificilmente volta ao normal
Por Sandra Capomaccio – Terça, 26 de novembro de 2024
Você sabia que a queda é a segunda causa de morte em idosos? De acordo com o Ministério da Saúde, em dez anos – de 2013 a 2023 – o aumento foi de quase 100%. Aqui no Brasil 10 mil pessoas com mais de 60 anos morrem por ano em decorrência de um tombo.
Recentemente fomos surpreendidos com um grande número de pessoas famosas, com mais de 60 anos, que foram vítimas de tombos e consequentes internações. Apesar da surpresa, isso é muito mais comum do que se possa imaginar: ainda segundo dados do Ministério da Saúde, 70% dos idosos sofrem algum tipo de acidente dentro de casa. Rosa Yuka Sato Chubaci, professora de Gerontologia na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, explica que a queda pode ocorrer em qualquer momento da vida, mas, com o avançar dos anos, os idosos são as principais vítimas e os motivos são diversos, desde a falta de mobilidade até problemas de visão.
Os locais dos tombos são variados: escadas, telhados, lajes desprotegidas, além de quedas da própria altura, quando a pessoa desaba subitamente quando está em pé e sem apoio, mas o primeiro lugar continua sendo o banheiro, nele é onde ocorre o maior número de acidentes, e não apenas com os mais velhos, também acontece com os mais jovens. O tombo pode se dar quando a pessoa se senta ou levanta do vaso sanitário, por exemplo. A parte do corpo mais machucada é a cabeça, quase 14% dos que caíram foram hospitalizados por causa disso. “O piso molhado e escorregadio, a locomoção com dificuldade, normalmente arrastando os pés, são alguns dos motivos para as quedas”, explica a geriatra.
Emergência hospitalar
Ainda que na maioria das vezes não leve à morte instantânea, a queda de idosos é a razão de aproximadamente 10% das emergências hospitalares. A situação é mais complicada do que possa parecer, já que após a alta hospitalar o quadro do idoso dificilmente volta ao normal. Muitas vezes há restrição de mobilidade, ficando restrito ao uso de cadeira de rodas, bengala ou andador, dificuldade para realizar atividades do cotidiano, perda cognitiva, isolamento e até depressão.
A casa precisa ser adaptada para a terceira idade. Itens e lugares de risco devem ser evitados, como degraus, tapetes, camas altas e móveis com cantos. Rosa explica que “a instalação de barras de apoio, corrimão, portas largas e fáceis de abrir, assim como janelas, ajudam o dia a dia das pessoas com mais de 60 anos.
Quando o assunto são as ruas das cidades, o cuidado deve ser redobrado, principalmente com as calçadas. A especialista em envelhecimento diz que o Brasil não tem calçadas adequadas para a mobilidade na terceira idade. “A importância de existirem políticas públicas para ajudar os brasileiros que estiverem nessa faixa etária é de extrema importância e vão desde atividades culturais e esportivas até casas de convivência”, afirma.
A Universidade de São Paulo tem o Programa 60 +, criado há 30 anos por iniciativa da professora Eclea Bosi, seu principal objetivo sendo o de possibilitar ao idoso o aprofundamento de conhecimentos em áreas de seu interesse. Atendendo aos critérios da ONU e Unesco, prioriza-se a idade a partir de 60 anos.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.
Fonte: Jornal USP / Quando o assunto são as ruas das cidades, o cuidado deve ser redobrado, principalmente com as calçadas – Foto: Ariane Azevedo/Flickr /CC BY-NC-SA 2.0