O filósofo iluminista que escrevia sobre amor não correspondido e reflexões existenciais foi criança prodígio e enfrentou doenças graves desde a adolescência
Nesta quinta-feira (29), o Doodle do Google homenageia o falecido poeta, filósofo e estudioso italiano Giacomo Leopardi, que celebraria nesta data seu 225º aniversário. Ele é considerado uma das figuras literárias mais importantes da Itália do século 19.
A Europa daquela época não deu grande atenção a Leopardi; o reconhecimento do trabalho dele cresceu nos anos seguintes à sua vida. Hoje um dos maiores poetas do Ocidente, o italiano é conhecido por obras como Canti (“Cantos”, de 1831), Le Operette morali (“Pequenos Trabalhos Morais”, 1823) e Zibaldone di Pensieri (“Zibaldone dos Pensamentos”,1898).
“Leopardi se apaixonou pelas ideias do Iluminismo, um movimento filosófico que promoveu a razão e a lógica sobre a superstição”, explica o Google. “Ele era apaixonado por suas crenças e se tornou um dos pensadores mais radicais de seu tempo.”
Doodle do Google homenageia Giacomo Leopardi — Foto: Google
Menino Prodígio
Giacomo Leopardi nasceu em 29 de junho de 1798, na pequena cidade provincial de Recanati, na Itália, durante uma época de agitação política e agitação na Europa gerada pela Revolução Francesa.
Segundo o site da Editora34, que publica a obra Canti no Brasil, o pai do italiano, o conde Monaldo Leopardi, reuniu em seu palácio uma biblioteca com cerca de 20 mil volumes. Giacomo, com apenas 10 anos de idade, já era um prodígio capaz de ler com avidez enciclopédica. Tornou-se fluente em latim, grego antigo e hebraico, o que lançou as bases para ele se tornar um filólogo (um estudioso da história e do desenvolvimento das línguas).
O poeta italiano Giacomo Leopard, considerado uma das figuras literárias mais importantes da Itália do século 19 — Foto: Domínio Público
Desde cedo, ele compôs obras de erudição, diálogos filosóficos, poemas e traduções de textos clássicos latinos e gregos. Segundo a Fundação de Poesia, com sede em Chicago, no estado norte-americano de Illinois, a família aristocrática do poeta foi afetada pela instabilidade em meio à Revolução Francesa; porém, isso não impediu que o garoto fosse extensivamente tutelado por padres particulares desde tenra idade.
Como um adolescente doente que muitas vezes ficava confinado em casa, Leopardi passava a maior parte do tempo na biblioteca de seu pai. Por volta de 1815, começou a se corresponder com literatos de renome, como Pietro Giordani.
Aos 14 anos, escreveu Pompeo in Egitto (“Pompeu no Egito”), um manifesto criticando uma das figuras mais poderosas de Roma, e redigiu várias obras filológicas até 1816. O italiano acabou ficando cego de um olho aos 16 anos e desenvolveu uma doença cerebrospinal que o afligiu por toda a vida, segundo a Enciclopédia Britannica.
Azar no amor, sorte na amizade
Após publicar seus dois primeiros “Cantos” dedicados à Itália em 1818, Leopardi finalmente consegue sair de sua província e viajar a Roma, Milão, Bolonha (onde publica uma edição ampliada dos “Cantos” em 1824), Ravena, Florença e Pisa.
Duas experiências em 1817 e 1818 devastaram o pouco otimismo que restava ao escritor conhecido por obras tristes: ele teve um amor frustrado por sua prima casada, Gertrude Cassi, e teve que encarar a morte de Terese Fattorini, jovem filha do cocheiro de seu pai.
Outro romance frustrado, desta vez pela florentina Fanny Targioni-Tozzetti, inspirou também algumas de suas letras mais melancólicas.
Em Florença, contudo, o poeta conheceu o jovem Antonio Ranieri, que se tornou seu amigo mais próximo nos seus últimos sete anos de vida. Em 1834, a dupla decidiu ir a Nápoles e morar numa casa emprestada nas encostas do Vesúvio. Lá, Leopardi publicou uma versão quase completa de “Os Cantos” em 1835, e escreveu os poemas La ginestra (“A giesta”) e Il tramonto della luna (“O pôr da lua”).
Lapide comemorativa de Giacomo Leopardi (1798 –1837) — Foto: Wikimedia Commons
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A escrita do poeta explorava com frequência o patriotismo, o amor não correspondido e profundas reflexões sobre a existência humana, o que o torna um precursor do existencialismo. Uma de suas últimas peças literárias foi Operette morali (Pequenas obras morais), uma coleção de ensaios filosóficos espirituosos escritos em estilo irônico.
Infelizmente, Leopardi passou a maior parte de sua vida lidando com problemas de saúde. Por isso, ele ficou confinado em Recanati por um longo tempo, apesar de também ter feito muitas viagens ao longo dos anos.
Cego e praticamente inválido, ele faleceu em Nápoles em 1837, aos 38 anos. A causa da morte provavelmente foi edema e outras complicações.
Fonte: revistagalileu