Seis suspeitos foram presos e um foi morto na semana passada; segundo o ministro do Interior equatoriano, Juan Zapata, todos os detidos são colombianos
Seis pessoas foram presas na quinta-feira passada (10), suspeitas de envolvimento na morte do candidato à Presidência do Equador Fernando Villavicencio. Outro suspeito foi morto horas depois do crime, na quarta-feira (9).
Villavicencio foi assassinado na noite do dia 9 de agosto ao deixar um comício no Anderson College, na cidade de Quito, capital do Equador. Ele foi baleado várias vezes depois de já estar dentro do carro no qual sairia do local.
Quem são os suspeitos?
Segundo o Ministério Público do país, o suspeito morto logo depois do atentado foi atingido durante uma troca de tiros com seguranças pessoais do candidato. Ele ficou gravemente ferido e chegou a ser transferido para a Unidade de Flagrantes de Quito, mas não resistiu. Sua identidade não foi divulgada.
As seis pessoas presas preventivamente no dia seguinte, durante incursões nas áreas de Conocoto e San Bartolo, em Quito, foram identificadas pelo ministro do Interior equatoriano, Juan Zapata, apenas pelo primeiro nome e a primeira letra de seu sobrenome.
- Andrés M.
- José N.
- Adey G.
- Camilo R.
- Jules C.
- Jhon R.
Segundo Zapata, todos os detidos são colombianos e pertenciam a grupos criminosos, de acordo com evidências preliminares. O ministro ainda garantiu que dois dos detidos “foram identificados na cena do crime”.
Durante as operações, as autoridades também encontraram um fuzil, uma metralhadora, quatro pistolas, três granadas, dois carregadores de fuzil, quatro caixas de munição, duas motocicletas e um veículo roubado que teria sido usado pelos homens, disse Zapata.
Ameaças de facções criminosas
Uma semana antes de morrer, Fernando Villavicencio disse em entrevista que estava sendo ameaçado por um dos principais cartéis de drogas equatorianos, Los Choneros.
“Há três dias, um militante de Manabí [cidade do Equador] recebeu visitas de vários mensageiros de Alias Fito [líder do cartel Los Choneros] para dizer a ele que, se eu continuasse mencionando os Los Choneros, eles iriam me quebrar”, disse Villavicencio no programa Vis a Vis, no dia 2 de agosto.
O candidato havia responsabilizou previamente o Los Choneros por qualquer eventual atentado que pudesse ocorrer contra ele, sua família ou sua equipe.
No entanto, um vídeo atribuído ao outro principal cartel do país, Los Lobos, foi divulgado logo após a morte de Villavicencio, reivindicando autoria do atentado. No entanto, várias fontes informaram à CNN se tratar de um vídeo falso, com imagens antigas e áudio editado.
As duas organizações criminosas, Los Choneros e Los Lobos, travam uma guerra entre si pelo controle do corredor de drogas de Tumaco, na Colômbia, até o porto de Guayaquil, na costa equatoriana do Pacífico.
Presidente da Comissão de Fiscalização do Parlamento enquanto deputado, Fernando Villavicencio denunciava supostas ligações entre as organizações criminosas do Equador e o grupo político do ex-presidente Rafael Correa.
A atuação do crime organizado no Equador tem tornado os assassinatos políticos mais comuns e aumentado a onda de violência no país.
Só em julho, foi morto o prefeito da cidade de Manta, Agustín Intriago, e um candidato a deputado pela província de Esmeraldas, Rinder Sánchez, foi baleado. Em fevereiro, dois candidatos a prefeito de Esmeraldas foram mortos.
Quem é Fernando Villavicencio
Nascido em 11 de outubro de 1963, em Alausí, Fernando Alcibiades Villavicencio Valencia teve uma intensa trajetória como jornalista e sindicalista ao mesmo tempo em que abraçava a carreira política.
Estudou jornalismo e comunicação na Universidade Cooperativa da Colômbia, na qual se formou e iniciou seus trabalhos como comunicador social. Logo em seguida, iniciou na carreira política como um dos fundadores do Partido Pachakutik, em 1995.
No ano seguinte, começou a trabalhar na Petroecuador, a companhia petrolífera estatal do país. Lá, atuou com jornalismo e logo assumiu posições sindicais. Ele se manteve como um líder dos trabalhadores da companha até 1999, quando foi demitido por uma ordem do então presidente Jamil Mahuad.
Mesmo longe da Petroecuador, continuou denunciando os problemas da companhia, como delitos ambientais e trabalhistas. Ganhou notoriedade como um dos mais ferrenhos críticos do então presidente Rafael Correa.
Em 2017, concorreu e foi eleito a uma vaga na Assembleia Nacional. Ocupou o cargo até maio deste ano, quando o presidente Guillermo Lasso assinou a “morte cruzada”, que resultou na dissolução do parlamento equatoriano.
Enquanto parlamentar, ele falava sobre combater a corrupção e a violência causada pelo narcotráfico no país. Villavicencio disse à CNN em maio que o Equador havia se tornado um “narcoestado”, quando se propôs a liderar e lutar contra o que ele chamou de “máfia política”.
Sua campanha prometeu uma repressão ao crime e à corrupção em meio a uma escalada de violência que tomou conta do Equador nos últimos anos.
*Com informações da CNN em espanhol
Fonte: CNN