Relação entre China e EUA ‘pega fogo’ e esfria ânimo dos investidores

economia

Por Weruska Goeking 

A relação entre EUA e China pegou fogo nesta madrugada. Quase que literalmente. Relatos de veículos de mídia americana apontam que bombeiros teriam visto chineses queimando documentos na porta do consulado da China em Houston, no Texas.

Depois do ocorrido, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que recebeu a ordem de fechar seu consulado no local e chamou a decisão de “escalada sem precedentes” nos atritos entre os países.

De acordo com o Departamento de Estado americano, o fechamento do consulado chinês é necessário para proteger a propriedade intelectual e a informação privada dos EUA.

O departamento ainda apontou que não irá tolerar que a China viole a soberania americana e ressaltou que o presidente dos EUA, Donald Trump, insiste na justiça e na reciprocidade nas relações entre os países.

Do outro lado, a China disse que haverá retaliação se a decisão não for revertida. O “troco” pode vir com o fechamento da embaixada dos EUA em Wuhan.

Além da escalada nas tensões geopolíticas, declarações de Donald Trump sobre a covid-19 acendem um alerta no mercado. De acordo com o presidente americano, a pandemia deve piorar ainda mais antes de melhorar no país.

Trump também passou a adotar em seu discurso o pedido para que os americanos usem máscaras, o que é uma novidade em sua postura.

As notícias, claro, aumentam a aversão ao risco dos investidores.

Bolsas internacionais

As bolsas asiáticos fecharam majoritariamente em queda com os investidores atentos à disseminação do novo coronavírus na região. A frustração com a recuperação da atividade econômica japonesa também pesou no sentimento e fez com que as bolsas locais caíssem.

O aumento de casos de covid-19 no estado australiano de Victoria, onde fica a cidade de Melbourne, gerou apreensão nos negócios pela Ásia e pelo Pacífico. De acordo com números oficiais, a Austrália registrou 502 novos casos da doença nas últimas 24 horas, o que superou o recorde anterior de 28 de março, de 469 infecções. O índice S&P/ASX 200, da Bolsa de Sidney, caiu 1,32%.

No Japão, o índice Nikkei caiu 0,58%, e o Hang Seng recuou 2,25% em Hong Kong, e o sul-coreano Kospi teve perda marginal de 0,01% em Seul.

Autoridades no Japão e em Hong Kong mostraram preocupação com a disseminação do vírus. A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, pediu que as pessoas evitassem o máximo possível sair de casa e disse que as medidas de isolamento são necessárias para impedir que a covid-19 atinja os idosos.

Em Hong Kong, foi decretado uso obrigatório de máscaras em lugares públicos fechados e o governo já alertou que pode tomar medidas mais duras se necessário.

Diante desse cenário, a recuperação da atividade econômica japonesa frustrou os mercados. O índice de gerentes de compras (PMI) industrial do Japão subiu de 40,1 pontos em junho para 42,6 em julho, na leitura preliminar, ainda em níveis de contração. O PMI de serviços japonês passou de 45,0 para 45,2 pontos neste mês.

As bolsas da China, por outro lado, acumularam ganhos pelo 4º pregão consecutivo diante da demanda de investidores estrangeiros por ações do tipo A, que são negociadas tanto em Xangai quanto em Shenzhen. O índice Xangai Composto subiu 0,37%, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,84%.

As bolsas da Europa operam em queda com a escalada de tensões entre China e EUA. Em Wall Street, os índices futuros S&P e Dow Jones operam em leve queda e o Nasdaq gira em torno da estabilidade.

Fonte: Valor Investe

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