O potencial do BRICS é enorme, e precisamos definir objetivos específicos de desenvolvimento para a associação, mas não se deve abrir a porta do BRICS para todos sem pré-requisitos, acredita Albert Bakhtizin, diretor do Instituto Central de Economia e Matemática da Academia de Ciências da Rússia.
Porém, o especialista russo admitiu que, desde a entrada dos novos parceiros em 1º de janeiro de 2024, a associação ainda não formulou seus objetivos específicos e seu vetor de desenvolvimento.
Ele sublinhou que na próxima cúpula em Kazan o BRICS deve definir não apenas os critérios de adoção de novos membros, mas também as vantagens que a associação lhes oferece:
comércio livre de impostos;
compartilhamento de tecnologias;
livre mobilidade da mão de obra;
intercâmbio sem vistos de especialistas, analistas, estudantes e professores.
Segundo ele, agora é muito cedo para falar de uma moeda do BRICS, até certo ponto não está claro quem vai emitir e em que proporção cada Estado-membro vai participar de sua criação.
Sanções têm o objetivo de romper relações da Rússia com Sul Global
Bakhtizin disse que a política de sanções norte-americana é causada não apenas pelos acontecimentos na Ucrânia. Em geral, são parte de uma política de longo prazo e multifacetada dos EUA.
Em 2018, Washington iniciou uma guerra comercial contra Pequim que continua até hoje, citou o especialista como exemplo, acrescentando que a China não havia feito nada de mau aos Estados Unidos.
“As sanções antirrussas também têm como objetivo cortar os laços de Moscou com a Europa, enfraquecer a parceria russo-chinesa e afastar a Rússia dos países do Sul Global. No final, de acordo com os estrategistas ocidentais, isso deve levar a Rússia à completa degradação tecnológica”, esclareceu.
Neste contexto, a Rússia deve desempenhar um papel mais importante no BRICS, acredita Bakhtizin, já que, sendo excluída do sistema SWIFT, o principal interessado na criação de um sistema de pagamentos do BRICS é ela.
Fonte: Sputink Brasil / Foto: © Sputnik / Vladimir Astapkovich