O documentário “Minha Cuba, Minha Máxima Cuba”, dirigido por Júlio Góes, estreia na quarta-feira (20/11/2025), no Cinema do Museu, localizado no Corredor da Vitória, em Salvador. Com duas sessões especiais, às 19h e 20h45, a exibição contará com a presença do diretor e integrantes da equipe. A produção presta homenagem ao ator Wilson Mello (1933–2010), considerado um dos nomes mais marcantes da história do teatro baiano, cuja trajetória influenciou gerações de artistas e espectadores.
A trajetória de um ícone da arte baiana
O filme apresenta um retrato abrangente de quase cinco décadas de carreira de Wilson Mello, revelando seu trabalho no teatro, cinema e televisão. A narrativa é conduzida por meio de imagens de arquivo, cenas de espetáculos e depoimentos de figuras da cultura baiana, como José Walter Lima, Paulo Dourado e Cleise Mendes. O documentário reconstitui a relevância de Mello na formação da identidade cultural de Salvador e do teatro moderno da Bahia.
O título “Minha Cuba, Minha Máxima Cuba” tem origem em uma expressão recorrente do ator, usada ao pedir seu drink favorito, a Cuba Libre. A frase, inspirada na expressão latina mea culpa, mea maxima culpa, foi transformada em metáfora pelo diretor, simbolizando a dualidade presente na obra e na vida do artista — entre o sagrado e o profano, o prazer e o pensamento.
Uma carreira marcada pelo teatro e pelo cinema nacional
Wilson Mello iniciou sua carreira profissional em 1964, no espetáculo “Eles não usam Black Tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, sob direção de João Augusto Azevedo, durante a inauguração do Teatro Vila Velha. O ator participou de mais de 100 montagens teatrais, incluindo títulos como “Quincas Berro d’Água” (1972 e 1996), “Lábios que Beijei”, “Horário de Visitas”, “A Vida de Eduardo II”, “Ensina-me a Viver” e “O Terceiro Sinal” (2008), seu último trabalho nos palcos.
No cinema, construiu uma filmografia expressiva com participações em produções de diretores consagrados. Entre os filmes estão “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1975), “Tenda dos Milagres” (1977), “A Guerra dos Pelados” (1977), “Jubiabá” (1987), “Tieta do Agreste” (1996), “Cascalho” (2004), “Eu Me Lembro” (2005) e “Jardim das Folhas Sagradas” (2009).
Pesquisa, memória e construção de um retrato cultural
O diretor Júlio Góes dedicou cinco anos de pesquisa para reunir registros, depoimentos e referências visuais que reconstituem a trajetória do ator. Com formação nas artes cênicas, Góes transporta para o cinema seu olhar teatral e poético, inspirado em obras como “A Entrevista”, de Federico Fellini, e em composições de Shostakovich e Rachmaninoff. O resultado é uma reflexão sobre o legado de Wilson Mello e o papel da memória artística na preservação cultural da Bahia.
“O surgimento de Wilson Mello nos anos 60 coincidiu com um período de efervescência criativa na Bahia. Sua atuação foi essencial para a consolidação de um teatro moderno, popular e comprometido com a sociedade”, declarou Góes.
Uma produção baiana com alcance nacional
A produção é assinada pela VPC CinemaVídeo, em coprodução com a Abará Filmes e a Og CineLab, integrando a Série Longas Bahia, que também inclui os filmes “1798 – Revolta dos Búzios”, de Antonio Olavo, “Revoada”, de José Umberto Dias, “Brazyl, uma Ópera Tragicrônica”, de José Walter Lima, e “Aprender a Sonhar”, de Vítor Rocha.
A distribuição de “Minha Cuba, Minha Máxima Cuba” conta com recursos da Lei Paulo Gustavo – Bahia, por meio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), Ministério da Cultura (MinC), Ancine/BRDE/FSA e apoio do Governo Federal, reafirmando o compromisso do audiovisual baiano com a preservação da memória artística nacional.
Fonte: Jornal Grande Bahia / Foto: ASCOM