Dengue e cólera atingem o país após um ano de conflitos. Organizações estimam que até 80% dos equipamentos de saúde foram destruídos. Hospitais estão desabastecidos. Ainda assim, resposta internacional continua assustadoramente fraca
“Em todo o Sudão, mulheres estão morrendo devido a complicações durante a gravidez ou parto, e pacientes com doenças crônicas estão morrendo porque estão ficando sem medicação”, afirmou Christou.
Outra grande preocupação é representada pela propagação da fome. Relatórios do norte de Darfur alertam que quase um quarto de todas as crianças estão gravemente desnutridas, e até 40% das mulheres grávidas e lactantes enfrentam o mesmo risco à saúde. O estado de saúde comprometido aumenta a vulnerabilidade a doenças geralmente tratáveis, como a cólera, que já atingiu 11 mil sudaneses.
Uma resposta imunológica enfraquecida pela desnutrição pode facilmente tornar a cólera – bem como outras doenças infecciosas – mortal, fato que apenas aumentou a longa lista de preocupações enfrentadas diariamente pelas mulheres no Sudão. O aumento da violência de gênero tem sido um dos efeitos colaterais mais devastadores da guerra: mulheres são sequestradas, vendidas como escravas e estupradas, como descrito pela ativista de saúde Rawia Mahmoud durante a 5ª Assembleia de Saúde dos Povos.Apesar da extensão da violência e das atrocidades testemunhadas no Sudão, a situação recebeu muito pouca repercussão internacional — extremamente limitada, como Christou colocou. Apelos de resposta coordenados por agências da ONU estão gravemente subfinanciados e, apesar de novas iniciativas lançadas por países como a França no marco do primeiro ano da guerra, medidas pouco ousadas dificilmente trarão qualquer resolução significativa para a situação, a menos que acompanhadas por uma firme dedicação para alcançar a paz.
Fonte: Outra Saúde / Créditos: Reuters