Entenda, em detalhes, o papel de cada um desses indicadores, quem os define e como se relacionam
Raphael Coraccini Coraccinicola Oração para o CNN Brasil Business 22/08/2021 às 04:30
Os indicadores econômicos servem para dar um panorama sobre a condição do país no que diz respeito a inflação, rentabilidade dos investimentos e outros aspectos. Os principais indicadores são Selic, IPCA e CDI e cumprem diferentes papéis no mercado financeiro, embora estejam relacionados.
A Selic é a taxa usada pelo Banco Central para incentivar os investimentos e controlar a inflação, enquanto o IPCA é quem fornece as informações sobre a oscilação dos preços na economia real, que serão usados para definir se a Selic deve subir, descer ou se manter estável.
Os dois indicadores servem também para que as instituições bancárias definam as taxas de juros que vão remunerar os investimentos indexados pelo CDI.
Entenda, em detalhes, o papel de cada um desses indicadores, quem os define e como se relacionam.
O que é taxa Selic?
Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia e serve para disciplinar e agilizar a compra e venda de títulos públicos. A taxa Selic refere-se à média das operações feitas nesse sistema e é usada pelo Banco Central para influenciar as outras taxas de juros do país, praticadas por bancos e demais instituições.
A Selic é definida pelo presidente e diretores do Banco Central nas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) e vigora durante um mês e meio. Essa taxa é divulgada pelo BC como parâmetro para que bancos e demais instituições do sistema financeiro definam os juros que serão empregados em operações de crédito.
Aumentar, diminuir ou manter a Selic depende de como o Copom avalia riscos e oportunidades no cenário macroeconômico.
Como a Selic afeta o investimento?
As modalidades de investimentos classificadas como renda fixa são sempre favorecidas pela Selic alta. São os títulos públicos, CDBs, CDIs, letras de crédito (LCIs, LCAs), debêntures e outros tipos de títulos privados pós-fixados.
As ações de empresas negociadas nas bolsas de valores também podem ser afetadas indiretamente pela Selic. Em um cenário de Selic baixa, os investidores tendem a abandonar opções de renda fixa, que dependem dos juros altos, e migrarem para investimentos em renda variável, como as ações.
O rendimento da poupança também depende diretamente da taxa Selic, mas nem sempre sua alta significa vantagem para o poupador. A poupança tem dois tipos de rendimento possíveis. Para momentos em que a Selic está igual ou abaixo de 8,5%, a conta que deve ser feita para calcular a rentabilidade do investimento é 70% da Selic mais a taxa referencial (TR). Com a Selic acima de 8,5%, a poupança rende 0,5% sobre o valor depositado mais a TR.
Como a Selic afeta a produção e o consumo?
Quando a Selic diminui, a expectativa é que os bancos reduzam as taxas para empréstimo e financiamento. Porém, o movimento de redução das taxas de crédito não é automático. A Selic é mais eficiente em aumentar os juros reais do que em baixar.
No caso de os bancos acompanharem de fato a redução da Selic e deixarem o crédito mais barato, isso facilita o acesso das empresas ao dinheiro e permite que empresários invistam mais na contratação de pessoas e no aumento da produção. O crédito mais barato para pessoa física também permite aumento do consumo e, com isso, crescimento da procura por produtos –o que, mais uma vez, favorece a produção.
O que é o IPCA?
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA mede a variação de preços do total da economia brasileira, focando nos produtos mais consumidos. Ele é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e definido como índice oficial para medir a inflação.
A pesquisa de preços é feita nas principais áreas urbanas do país, e o índice é atualizado todo mês. A oscilação dos preços para cima ou para baixo diz se a inflação está aumentando ou diminuindo.
Qual é a relação da taxa Selic com a inflação?
A taxa Selic pode ser usada pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. As autoridades financeiras costumam entender que o movimento de aumento dos preços deve ser freado pela taxa Selic.
O Banco Central costuma aumentar a Selic quando a inflação é resultado do superaquecimento do mercado, com muito crédito e consumo. Com o aumento da taxa básica de juros, ele encarece o crédito e reduz a capacidade de investimento em produção e de consumo da população.
CDI: a taxa praticada entre bancos
Ao contrário do que se possa imaginar, o CDI não é um investimento, mas, sim, um indexador para investimentos de renda fixa. O Certificado de Depósito Interbancário é um título privado emitido pelos bancos para garantir empréstimos de curtíssimo prazo entre as próprias instituições.
A média das taxas praticadas pelos bancos nestas operações é a taxa do CDI (ou taxa DI), usada como indexadora para a rentabilidade dos investimentos em renda fixa, como CDB, letras de crédito, debêntures, entre outros. Quanto maior a taxa do CDI, maior a rentabilidade desses investimentos.
Como o CDI afeta a vida das pessoas?
Para quem é investidor em renda fixa, a alta da taxa do CDI é sempre interessante. Significa que os investimentos vão ter um rendimento igualmente alto. Porém, para a economia como um todo, altas no CDI podem significar um problema porque refletem um aumento no custo do crédito. Ou seja, quanto mais alta a taxa, maior os juros aplicados ao crédito e mais caro estará o dinheiro no mercado.
A relação entre CDI e taxa Selic
A taxa do CDI tende a seguir a tendência da Selic porque ambas indexam investimentos concorrentes entre si, que competem pelo dinheiro dos bancos. Se a Selic for muito maior que a taxa do CDI, a tendência é que os bancos prefiram investir em títulos públicos (indexados pela taxa básica de juros) em vez de emprestá-los aos concorrentes (indexados pela taxa DI). Por isso, a taxa CDI precisa acompanhar a Selic.
.Fonte: CNN Brasil