Sobre o tempo…

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por Priscila Soares – Sexta, 23 de setembro de 2022

Recebi a visita do rapaz da vidraçaria e estava com essas mudinhas de abacate na janelinha do banheiro. Durante a pandemia, andei fazendo mudinhas de plantas e isso foi uma excelente terapia e reflexão sobre o tempo.

É muda de abacate?

Sim!

Tu sabe quando vão produzir? Só quando tu tiver neto ou bisneto! – Disse ele rindo muito de mim, aquele riso de “não tô acreditando” misturado com dó.


Depois desse diálogo fiquei refletindo sobre nossa relação com o tempo. Quando estamos felizes e bem, gostaríamos que o tempo congelasse naqueles momentos leves e cheios de risos. Todavia, se estamos doentes, tristes e atravessando períodos de espera, gostaríamos muito de ter um botão acelerador tipo aquele do WhatsApp pra gente pular essa parte que dói, se pudéssemos nós dormiríamos e acordaríamos quando tudo estivesse bem de novo.


Observando as mudinhas de abacate pulsando vida, naquela dualidade de força e fragilidade também refleti no quanto corremos para ter tudo para nós mesmos, aquela frase do rapaz da vidraçaria passava a mensagem de que se não fosse para eu mesma colher os abacates do que adiantaria eu plantar, não é? Mas afinal, qual o problema de lançar as sementes e deixar para que as outras gerações colham os frutos? Afinal tantas lutas, conquistas e direitos não são frutos dos que vieram antes de nós?


Portanto, temos sim a tarefa de cultivar um mundo menos pior para nós e para os que vierem depois, pois já dizia a canção “o tempo não para”, logo é mister que saibamos atravessar nossos tempos com sabedoria.


Ah, e sobre as mudinhas do abacateiro, elas acabaram não se adaptando ao clima da região, mas isso é assunto para outra conversa…

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