Quase 100 anos após sua primeira exposição em Paris, Tarsila do Amaral, uma das maiores representantes do modernismo brasileiro, será celebrada com uma grandiosa retrospectiva no Museu de Luxemburgo.
A mostra, que será aberta ao público nesta quarta-feira (9) e seguirá até 2 de fevereiro de 2025, reúne 49 quadros e cerca de 150 obras no total, incluindo peças icônicas como A Negra e Operários.
Tarsila (1886-1973) é a pintora mais conhecida do Brasil, autora de uma obra que ajudou a destacar o indigenismo dentro e fora do país, além de introduzir as vanguardas.
Em uma visita guiada para jornalistas, a curadora da exposição, Cecilia Braschi, destacou o caráter multifacetado da obra de Tarsila. “A mostra explora a complexa relação da artista com o modernismo, tanto no Brasil quanto na Europa, além de enfatizar o retorno de Tarsila ao Brasil e sua influência decisiva na arte e cultura brasileiras”, explicou Braschi.
A curadora ressaltou ainda que, apesar da fase parisiense ser central para sua carreira, Tarsila já trazia um repertório fortemente ligado ao Brasil, o que definiu sua obra.
‘Autorretrato (Manteau Rouge)’, de Tarsila do Amaral | Foto: Acervo MNBA/Ibram
Nascida em uma família de fazendeiros do interior de São Paulo, Tarsila foi para Paris em 1920, onde estudou com grandes nomes da arte moderna como Fernand Léger e André Lhote, experimentando estilos como o cubismo e o fauvismo.
No entanto, seu trabalho se diferenciou pela incorporação de temas brasileiros, como o emblemático A Negra, inspirado em uma ex-escrava de sua infância.
A Negra, de Tarsila do Amaral | Foto: Reprodução
Manifesto antropofágico
Em 1926, Tarsila realizou sua primeira exposição individual em Paris. Mas seu verdadeiro destino estava em seu país, que passava por importantes mudanças.
Seu amante na época, Oswald de Andrade, publicou o “Manifesto Antropofágico” em 1928, que proclamou, entre outras coisas, a necessidade de “devorar” as influências culturais estrangeiras.
A crise de 1929 atingiu duramente a família da artista. Tarsila precisou trabalhar a partir desse período, e sua obra passou a focar na classe trabalhadora, em pinturas como “Operários”, de 1933.
Os Operários, de Tarsila do Amaral | Foto: Reprodução
Tarsila do Amaral retorna em 1932 ao Brasil, onde passa um mês na prisão por ter visitado a União Soviética.
Ela nunca mais voltou a Paris.
Seu destino ficou definitivamente ligado ao Brasil, onde gradualmente ganha influência até sua morte, aos 87 anos, em 1973.
Fonte: Alô alô Bahia / Foto: Reprodução