Reportagem do ‘Fantástico’ mostrou caso de jovem com 18 diferentes personalidades, consequência do transtorno dissociativo de identidade (TDI)
No último domingo (20) foi ao ar no ‘Fantástico’ (TV Globo) uma reportagem sobre Giovanna Blasi, 21, que, na verdade, prefere não usar o nome de registro, mas sim “Sistema Resiliência”. Ela tem transtorno dissociativo de identidade (TDI), uma condição psiquiátrica severa e rara, capaz de produzir em um único indivíduo diferentes personalidades.
Giovanna, por exemplo, tem 18 diferentes identidades, como declarou à equipe da TV Globo. “Aline, Aurora, Dandara, Aiana, Tatá, eu [Giovanna], Herbert, Isabella, Laura, Lina, Lua, Luara, Luiza, Maria Helana, Melanie, Momô, Jim e Ariel”, listou.
O que é TDI?
O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) é uma condição psicológica complexa em que uma pessoa apresenta duas ou mais identidades distintas, frequentemente chamadas de “personalidades” ou “alter egos”.
Cada identidade pode ter características, memórias e comportamentos únicos. A transição entre essas identidades acompanha amnésia significativa para eventos ocorridos quando outras personalidades estavam no controle. Ou seja, quando uma personalidade “incorpora”, automaticamente o indivíduo esquece tudo o que a anterior fez.
O que causa o TDI?
De acordo com o pós PhD em neurociências e membro da Society for Neuroscience nos EUA e da Sigma XI, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, o transtorno pode advir de traumas ou abusos no passado.
“As causas do TDI estão associadas principalmente a experiências traumáticas, como abuso físico, sexual ou emocional durante a infância. Então, o transtorno surge como uma estratégia de defesa do indivíduo para lidar com o trauma extremo, fragmentando a identidade para evitar a consciência plena das memórias dolorosas”, explica.
Segundo ele, esse mecanismo dissociativo ocorre quando a mente tenta separar aspectos da personalidade para preservar a sanidade emocional. “Fatores genéticos e predisposições familiares também podem desempenhar um papel na vulnerabilidade ao desenvolvimento do TDI, mas o trauma é considerado o fator primordial”, acrescenta o especialista.
O transtorno tem cura?
Fabiano explica que o tratamento do TDI envolve a terapia cognitivo-comportamental, focada em identificar e desafiar padrões de pensamento disfuncionais. “Ela tem como objetivo unificar as diferentes personalidades, promovendo a cooperação e a harmonia interna”, afirma.
“O TDI pode ser controlado, seja através da harmonia entre as personalidades ou da unificação delas para reduzir o seu número, a depender de cada caso. A abordagem é totalmente individualizada e com resultados de longo prazo”, acrescenta o neurocientista.
Fonte: Saúde em dia