No Passeio Público, o Vila foi palco dos Tropicalistas e do julgamento da anistia de Glauber Rocha e Marighella
O Teatro Vila Velha completa 59 anos e inaugura o ciclo de comemorações, Vila + 60. Em comemoração, nesta segunda (31), às 19h, o cantor e compositor Tom Zé traz ao palco o show intitulado “59”. O evento é para convidados e terá alguns convites gratuitos disponibilizados para o público, que deve retirar as entradas previamente.
O evento mais espero nesse aniversário, no entanto, foi o anúncio de que o prédio do Vila deve passar por uma reforma e requalificação, que se estenderá também para o Passeio Público de Salvador. A prefeitura firmou o compromisso com o Vila de entregar essa reforma até julho de 2024, na comemoração dos 60 do espaço cultural. Em nota, a direção do Vila informou ainda que em breve deve anunciar outras novidades que já estão em trâmite com os governos estadual e federal.
:: Tom Zé: “Ô, meu deus, eu só queria um país normal” ::
Nesses quase 59 anos de história o Vila, como é carinhosamente conhecido, já foi palco para os Tropicalistas, que inauguram o teatro em 64, com o show Nós, Por Exemplo, que reuniu Tom Zé, Gil, Caetano, Bethânia e Gal. Foi também no palco do Vila que foram julgadas e aprovadas as anistias políticas de Glauber Rocha e Carlos Marighella.
O Vila está localizado no Passeio Público (foto) que também deve passar por reforma / Divulgação/DIMUS
Nos anos a seguir, o Vila seguiu sendo um importante centros de formação, criação e difusão das artes cênicas no Brasil. É o palco-natal, por exemplo, de Othon Bastos, dos Novos Baianos, de Lázaro Ramos, Wagner Moura, Virgínia Rodrigues e dos grupos Bando de Teatro Olodum, Viladança, Cia de Teatro Novos Noves, VilaVox e de uma série de outros grupos, projetos e artistas.
Palco de lutas
Em 1961, parte do terreno do Passeio Público foi cedido pelo governador Juracy Magalhães ao grupo Teatro dos Novos para a construção do Vila. O grupo era formado por Echio Reis, Sônia Robatto, Carlos Petrovich, Othon Bastos, Thereza Sá e Carmem Bittencourt, egressos da Escola de Teatro da UFBA. Exatamente quatro meses após o golpe militar de 1964, o teatro foi inaugurado.
E em sua trajetória, sempre foi tido como um espaço de defesa da democracia e palco de lutas. O Vila reagiu à ditadura, acolheu artistas e estudantes perseguidos, abrigou encontros do movimento estudantil e também foi sede da Anistia Internacional.
Em 2012 e 2013, o Vila abrigou o Movimento Desocupa, contrário aos abusos feitos da administração municipal. Junto ao movimento, realizou o projeto “A Cidade que Queremos”, que discutia o futuro de Salvador. Mais tarde, apoiou o Movimento Passe Livre, que tinha o Passeio Público como quartel general.
É também histórica a luta do Vila contra o racismo, principalmente através do Bando de Teatro Olodum. A luta por respeito ao povo negro levantada pelo Bando, serve de inspiração a muitos, e já transcendeu as fronteiras do Brasil. Também a luta contra a discriminação à comunidade LGBTQIA+ tem palco no Vila, como a defesa da mulher, o acesso a artistas, projetos e ações que buscam a acessibilidade de pessoas com deficiência.
Fonte: BdF Bahia
Edição: Gabriela Amorim