A novidade científica pode colaborar para que pessoas com doenças como talessemia, anemia falciforme e certos tipos de câncer tenham de fazer menos transfusões sanguíneas ao longo da vida.
Atualmente, quem precisa repor hemácias – glóbulos vermelhos do sangue – depende de uma transfusão de sangue a partir de doação. Mas um novo estudo da Universidade de Bristol, no Reino Unido, mostrou que é possível reproduzir esses glóbulos a partir de células-tronco do sangue humano coletadas do próprio paciente. A novidade científica pode colaborar para que pessoas com doenças como talessemia, anemia falciforme e certos tipos de câncer tenham de fazer menos transfusões sanguíneas ao longo da vida.
Além de acabar com problemas relacionados ao tempo de espera por transfusões por falta de doações de sangue, a tecnologia deve ajudar a melhorar a saúde e a qualidade de vida de quem vive com doenças provocadas pela falta de glóbulos vermelhos. “Como se trata de sangue recém-cultivado, isso poderia reduzir a frequência de transfusões, reduzir a carga de tratamento para os pacientes e os efeitos colaterais indesejados de transfusões frequentes”, diz o relatório do estudo. “Potencialmente, esses pacientes precisarão de menos transfusões, reduzindo a carga de ferro nos tecidos.”
Outros possíveis beneficiados são as pessoas de tipos sanguíneos raros, que têm mais dificuldade em conseguir doadores compatíveis. Testemunhas de Jeová, que não realizam transfusões de sangue de doadores por motivos religiosos, também poderiam utilizar a técnica.
Para criar as hemácias em laboratório, os cientistas colhem o sangue do paciente e o colocam em uma máquina de “centrifugação”. Assim, é possível separar os glóbulos brancos do sangue e um pequeno número de células-tronco.
Colhidas, as células-tronco são “purificadas” e incubadas por cerca de três semanas em uma série de líquidos que contêm diferentes nutrientes e fatores de crescimento. “Esses coquetéis especiais de ingredientes encontrados naturalmente no corpo humano permitem que as células se multipliquem e se transformem em glóbulos vermelhos”, dizem os cientistas que atuaram na pesquisa.
ENSAIO CLÍNICO
Para ter certeza de que o novo tratamento pode cumprir seu potencial, os pesquisadores de Bristol estão realizando um ensaio clínico em voluntários para avaliar o desempenho dos glóbulos vermelhos cultivados em laboratório em comparação com os doados. “Também estamos realizando um programa de pesquisa para produzir maiores volumes de glóbulos vermelhos”, dizem.
Além dos pesquisadores da Universidade de Bristol, o estudo também conta com a parceria do National Health Service (NHS) do Reino Unido e das Unidades de Pesquisa de Sangue e Transplante do National Institute for Health and Care Research.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.