Especialistas explicam o que está por trás do fenômeno e quando ele passa a ser um problema
Recentemente, a cantora Rosalía, 33, revelou que um dia acordou com a sensação de que tinha tido um orgasmo durante o sono. A declaração aconteceu em entrevista ao programa “La Revuelta”, da Espanha. O que aconteceu com a artista é algo comum e que pode acontecer tanto em homens quanto em mulheres.
“O orgasmo noturno é muito comum e é possível entendê-lo por questões fisiológicas”, explica Priscilla Frauches, ginecologista da Clínica Mantelli, à CNN Brasil.
A especialista explica que, durante o sono, há ativação do sono REM. “Nesse período, acontece também uma ativação mais espontânea do sistema nervoso autônomo. Então, a ocorrência do orgasmo pode acontecer sem, necessariamente, um estímulo consciente”, afirma.
Segundo a ginecologista, durante o sono REM, há o aumento da lubrificação vaginal nas mulheres e a possibilidade de ereções em homens, além do pico de prolactina, o que facilita a descarga orgástica. No público masculino, o fenômeno é conhecido popularmente como polução noturna.
Para as mulheres, ainda não há um termo médico como definição, mas também é comum e pode acontecer em qualquer fase do ciclo menstrual, sendo mais comum no período ovulatório. “Durante a ovulação, temos um pico de estradiol que facilita o aumento do fluxo sanguíneo genital, a lubrificação e a sensibilidade dos receptores. Junta isso com a ativação do sistema nervoso autônomo, há a predisposição para o orgasmo noturno acontecer”, explica Frauches.
O orgasmo noturno é igual ao orgasmo normal?
Durante um orgasmo noturno, o corpo pode experimentar uma série de contrações musculares involuntárias, principalmente na região da vagina e no colo do útero, características do clímax, além do aumento da frequência cardíaca.
Segundo a sexóloga e terapeuta sexual Tamara Zanotelli, essas sensações podem ser tão ou até mais intensas do que um orgasmo consciente — seja ele atingido durante uma relação sexual ou durante a masturbação. “Isso acontece porque o cérebro está menos ligado, está menos preocupado com os nossos tabus e com as nossas dores”, explica.
“Também tem a questão de que é comum aumentar a lubrificação vaginal e algumas mulheres experimentam, às vezes, a ejaculação feminina durante esse orgasmo noturno, algo que, normalmente, não aconteceria com elas em outras fases”, completa.
Quando o orgasmo noturno passa a ser um problema?
Segundo as especialistas, o orgasmo noturno somente passa a ser um problema quando ele começa a ser frequente, a atrapalhar o sono ou quando vem acompanhado de dor ou contrações desconfortáveis. Esses sintomas estão associados a uma condição chamada excitação genital persistente.
“A excitação genital persistente é uma desordem e pode levar a alguns transtornos. Nela, a mulher tem uma congestão genital persistente e, com o orgasmo, esses sintomas não são aliviados. Então, isso pode gerar um grande desconforto, uma ansiedade na paciente e pode atrapalhar inclusive o seu dia a dia”, afirma Frauches.
Ao notar esses sintomas, é importante buscar ajuda do ginecologista. “Existem algumas medicações que podemos fazer uso para aliviá-los e, principalmente, precisamos entender se existem fatores que podem estar contribuindo para que esse sintoma esteja tão persistente”, completa.
Além disso, de acordo com Zanotelli, os orgasmos noturnos também podem ser um problema quando a pessoa passa a ficar desconfortável emocionalmente. “Eles passam a ser um problema muito maior quando a pessoa sente vergonha, se sente culpada, se sente mal e fica deprimida. Nesse caso, precisa ser investigado”, afirma.
Fonte: CNN Brasil / Foto: Freepik