Entenda o que já se sabe sobre a doença no país e quais cuidados são necessários para enfrentar a transmissão comunitária do vírus
A varíola dos macacos é uma doença que, inesperadamente, começou a se espalhar pelo mundo de maneira inédita. E no Brasil não foi diferente. Tanto que, nos últimos dias, a infecção ganhou o status de transmissão comunitária no país. Isso significa que o vírus já é capaz de infectar pessoas por aqui, sem que elas precisem viajar ou entrar em contato com indivíduos que estiveram em outros países recentemente.
Ou seja, o risco de se infectar com a varíola dos macacos no Brasil aumentou. Por isso, a partir de agora, a recomendação é que os cuidados com a doença sejam ainda maiores, não apenas no dia a dia, mas principalmente nos serviços de saúde, onde a exposição ao vírus tende a ser maior.
Varíola dos macacos pode gerar uma nova pandemia?
Segundo Nick Phin, vice-diretor do Serviço Nacional de Infecção do departamento de Saúde Pública do Reino Unido, a varíola não se espalha facilmente entre as pessoas e o risco, em geral, é baixo. Já o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, explica que, embora não exista tratamento específico para a infecção, os surtos podem ser controlados com medicamentos.
Sem falar na vacina da varíola comum – doença erradicada do planeta nos anos 1980 –, que também é eficaz contra a infecção da varíola dos macacos. Portanto, o risco de uma possível pandemia, por enquanto, está descartado.
Quais são os sintomas da doença?
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), os principais sintomas da varíola dos macacos são:
- Febre;
- Dor de cabeça;
- Dores musculares e nas costas;
- Linfonodos inchados;
- Calafrios;
- Exaustão;
- Lesões na pele.
Esse último sintoma da varíola dos macacos é também a principal característica da doença. Algo que se assemelha com as manchas provocadas por outras condições, como catapora ou sífilis. São lesões que crescem até formarem uma crosta e cair. Elas podem aparecer em praticamente todas as regiões do corpo, provocando coceira e dor.
O vírus se tornou mais transmissível?
A varíola dos macacos não é uma doença nova. O primeiro caso em humanos foi detectado em 1970. No entanto, ela era considerada uma infecção de difícil transmissão e atingia apenas alguns países, de maneira isolada. Por isso, o surto recente da doença surpreendeu os cientistas, que já detectaram 47 mutações no vírus responsável pelo problema, mas ainda não descobriram se ele realmente ficou mais transmissível ou não.
A varíola dos macacos provoca risco de morte?
“Segundo os dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a letalidade na Nigéria é em torno de 3% – onde é registrada a mesma linhagem europeia, que está se espalhando em vários países. A linhagem da República centro-africana tem uma letalidade maior, chegando a 10%. No surto atual, ainda não houve morte na Europa, talvez por estar no começo. Porém, também não sabemos se a taxa de 3% de letalidade tem a ver também com a qualidade assistencial na Nigéria”, explica o médico epidemiologista, Dr. André Ribas, que é especialista em epidemiologia pela Faculdade de Medicina da UNICAMP.
Prevenção
Assim como grande parte das doenças infecciosas, a varíola dos macacos pode ser prevenida com algumas medidas simples de higiene como, por exemplo:
- Higienizar as mãos com água e sabão ou com álcool gel para evitar a exposição ao vírus;
- Evitar contato com pessoas infectadas;
- Manter distância de animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus, como roedores, marsupiais e primatas;
- Usar máscaras e outros equipamentos de proteção individual;
- Evitar usar objetos de pessoas contaminadas.
“As medidas de prevenção contra a varíola dos macacos envolvem diminuir o contato com as pessoas com as feridas ou na fase prodrômica, em que se começa a sentir os sintomas da doença, como febre e mialgia (dor muscular). A varíola não é transmitida tão facilmente quanto ocorre com a Covid-19. É importante diferenciar uma coisa da outra. Na Covid-19, a máscara é importante, pois a transmissão ocorre por meio de gotículas respiratórias de forma relativamente fácil. Já na varíola, a transmissão ocorre, principalmente, quando há um contato mais íntimo e prolongado”, finaliza o Dr. Ribas.
Fonte: Dr. André Ribas, que é especialista em epidemiologia pela Faculdade de Medicina da UNICAMP.