UFPB estuda IA para diagnosticar doenças neurodegenerativas

educação

Universidade Federal da Paraíba, vinculada ao MEC, iniciará em 2025 estudos de inteligência artificial para detectar grupos de doenças por meio da voz. Governo federal investirá R$ 5 milhões no projeto

AUniversidade Federal da Paraíba (UFPB), instituição vinculada ao Ministério da Educação (MEC), estudará o uso da inteligência artificial (IA) para o diagnóstico e o monitoramento de diversas condições de saúde. É o que indicam pesquisadores que integram o projeto “Biomarcadores vocais e neurofisiológicos para predição, diagnóstico e monitoramento da saúde”, previsto para iniciar os estudos em 2025. A pesquisa receberá investimentos de cerca de R$ 5 milhões do governo federal. 

A iniciativa estudará a viabilidade de desenvolvimento de sensores com IAs que aprendam a identificar mudanças de padrão em marcadores biológicos, como a voz humana, para indicar possíveis transtornos mentais ou neurodegenerativos, como esquizofrenia, depressão, Alzheimer, doença de Parkinson e esclerose lateral amiotrófica (ELA).  

De acordo com Leonardo Lopes, professor do Centro de Ciências da Saúde da UFPB, o investimento da União será destinado ao treinamento das equipes envolvidas e à aquisição de equipamentos de ponta. As tecnologias farão o mapeamento, em tempo real, do funcionamento do cérebro, dos músculos e de outras estruturas corporais durante atividades diversas, como a fala, a interação social e o desempenho motor. 

Em seguida, com os dados coletados por esses equipamentos, será possível o desenvolvimento dos sistemas de inteligência artificial e dos sensores nos quais a IA será embarcada, para monitorar a evolução dessas doenças de maneira não invasiva e contínua. 

“Alunos e professores vão precisar ser treinados para usar os equipamentos e para aprenderem a interpretar os dados que essa tecnologia gera. São equipamentos que permitem ver dados comportamentais — ou seja, aqueles que a gente vê a olho nu, como o comportamento, a interação, a linguagem, a comunicação —, mas ver também o que está acontecendo em termos neurofisiológicos. Com essa interação, o pesquisador vai ter dados muito mais robustos para desenvolver seus estudos”, explicou Lopes, líder do Laboratório Integrado de Estudos da Voz da UFPB, uma das unidades participantes. 

Segundo o docente, a detecção precoce de condições mentais e neurodegenerativas apenas pela análise da voz se deve à complexidade da fala humana. Assim, para ser produzida, a voz se liga a outras estruturas do corpo e a áreas do cérebro, de modo que qualquer alteração nesses pontos pode afetá-la, ainda que sutilmente. Geralmente, essas pequenas mudanças são imperceptíveis ao ouvido humano, mas conseguem ser reconhecidas por IA. 

Políticas de saúde – Outro laboratório que participa da iniciativa é o Laboratório de Neurociência Social, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFPB, pois realiza estudos sobre transtornos da neurocognição, da mente e do neurodesenvolvimento. Para Nelson Torro, professor do laboratório, identificar biomarcadores que antecipam como os pacientes responderão a tratamentos pode ajudar a definir estratégias mais assertivas. “Os resultados do subprojeto podem influenciar políticas públicas de saúde, visando aprimorar os protocolos de diagnóstico e tratamento dos transtornos neurocognitivos, como a doença de Alzheimer, e do neurodesenvolvimento, como o transtorno do espectro autista”, afirmou. 

Interdisciplinaridade – A iniciativa envolve, ao todo, 22 pesquisadores de 12 programas de pós-graduação da UFPB e de outras instituições, que atuam em diversas áreas do conhecimento. 

“A equipe da saúde vai agir, por exemplo, na recepção, no diagnóstico, na coleta dos sinais eletrofisiológicos dos pacientes e voluntários. Já os profissionais da computação e de estatística colaborarão para criar e aperfeiçoar, com retroalimentação, a inteligência artificial, a partir dos dados extraídos. Depois que isso vira um conhecimento, é necessário implantar a tecnologia em um sensor, e aí entra a equipe da engenharia de materiais, pois esse sensor precisa ser feito do melhor material possível para cumprir sua função”, explicou Lopes. 

UFPB e inteligência artificial – A UFPB tem um histórico de aplicação da IA à saúde, como é o caso do algoritmo desenvolvido por pesquisadores da engenharia mecânica e da medicina que usa a IA para ajudar a diagnosticar insuficiência cardíaca pela análise da voz dos pacientes (saiba mais). 

A expectativa é que os futuros sensores possam ser comercializados a um custo acessível, oferecendo soluções para o monitoramento da saúde, com impactos na otimização de recursos humanos e financeiros da área. “No futuro, os produtos desenvolvidos […] e os resultados da pesquisa poderão ser usados não só para diagnosticar condições como autismo, Alzheimer e depressão, mas também para verificar pacientes em situações críticas. Por exemplo, a intensidade de dor de um paciente poderá ser monitorada por uma inteligência artificial, otimizando as visitas das equipes de enfermagem aos leitos, o que vai permitir a utilização dos recursos humanos e financeiros da melhor forma possível”, concluiu o professor. 

Este conteúdo é uma produção da UFPB, com apoio da Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC 

Fonte: MEC /

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *