Domingo, 31 de outubro de 2021
Segundo Jorge Kalil Filho, o imunizante cria uma grande resposta imunológica, graças ao local onde é aplicado, que é na mesma região pela qual o vírus entra no corpo humano
A USP desenvolveu uma vacina para covid-19 em spray, apresentou a proposta à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e aguarda autorização para início de estudos em humanos. O imunizante desenvolvido pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP tem como objetivo ser mais uma ferramenta de combate ao novo coronavírus.
“Nós estudamos em detalhes a resposta imune de 220 convalescentes que haviam tido a doença, que se recuperaram, e aí nós pensamos em um peptídeo, estudando bem o vírus, que contemplasse uma resposta muito forte de anticorpo que neutralize o vírus, mas também desse uma boa resposta celular”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição Jorge Kalil Filho, professor de Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP, diretor do Laboratório de Imunologia do InCor e coordenador da pesquisa de desenvolvimento da vacina.
Kalil explica que a administração nasal da vacina foi por causa da aplicação ser realizada na mesma região onde ocorre a entrada do vírus no corpo humano. A imunoglobulina A (IgA) é responsável pela defesa contra o coronavírus. O intuito é estimular essas células do sistema imunológico localizadas na mucosa nasal, de forma a criar um maior número de anticorpos. Segundo o professor, as vacinas intramusculares produzem uma quantidade menor de anticorpos, sendo a versão em spray uma forma mais eficaz na criação de defesa contra a doença, como para o impedimento da infecção.
O imunizante apresentou em seus testes iniciais grande resposta imunológica quando aplicada. Atualmente, foi solicitado à Anvisa a autorização para iniciar o teste clínico em pessoas. Os testes pretendem entender qual é a forma mais eficiente do funcionamento da vacina nos voluntários. O estudo irá testar questões relacionadas ao número de doses, quantidade de imunizante e como este reage em diferentes organismos.
Fonte: Jornal USP/Fotomontagem sobre imagem de flockine via Pixabay