O cantor baiano Edson Gomes, um dos principais nomes do reggae brasileiro, fez um discurso durante apresentação no Festival Virada Salvador 2025, no último domingo (28), no qual afirmou que a população negra no Brasil ainda vive sob condições que, segundo ele, remetem à escravidão, ao cantar Mama África.
Durante a fala, o artista declarou que “a Mãe África chora por saber que seus filhos, que estão nas diásporas, mendigando; que são os analfabetos; que são os que ocupam os guetos, as favelas; os que circulam pelas sinaleiras. Os perdidos, sim. Os perseguidos, os oprimidos. Sem teto, sem casa, sem nada. Os sem futuro”.
Na sequência, Edson Gomes afirmou que “muitos dos nossos esqueceram de onde vieram”, assim como o que seus antepassados enfrentaram ao longo da história. Ele relembrou o processo de escravização, destacando que “eles vieram da África de uma maneira tortuosa, sob tortura, pelo mar. Muitos ficaram no mar e muitos chegaram aqui para trabalhar nas casas dos outros”.
O cantor também defendeu que esse passado seja transmitido às novas gerações. Segundo ele, “hoje precisamos saber, nossas crianças precisam saber o que eles passaram. Eles foram chicoteados no Pelourinho. No Pelourinho”.
Para Edson Gomes, “isso não é violência”, mas algo que “precisa ser mostrado às nossas crianças, para que elas cresçam sabendo o que foi vivido, para que entendam de onde vem a força de hoje”.
Ao encerrar o discurso, o artista afirmou que o povo negro é “parcialmente livre”. De acordo com ele, “o nosso povo ainda é escravo. Não temos correntes nos pés, mas sentimos que ainda somos escravos”. Edson Gomes concluiu afirmando que “esse salário que nós ganhamos é muito pouco. É salário de escravidão”.
Fonte: Bahia.ba / Foto: Reprodução/ Transmissão Festival Virada Salvador