Valmir Araújo
Festival ‘Brasil é Terra Indígena’ iniciou na quarta (13) e vai até está quinta (14) no Museu Nacional, em Brasília
Retomar o Brasil, aldear a política e demarcar territórios. Essa é a síntese do Festival ‘Brasil é Terra Indígena’, conforme afirmou em coletiva de imprensa , a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. A coletiva foi realizada no auditório do Museu Nacional da República, em Brasília, e marcou a abertura do Festival que acontece nesta quarta e quinta. A entrada é gratuita.
De acordo com a Ministra, o retomar o Brasil é trazer para a visibilidade a presença indígena, ocupando todos os espaços. Já a política seria trazer o pensamento e valorização e a escuta da diversidade de povos no Brasil e a demarcação é a primeira bandeira de luta dos indígenas brasileiros.
“É justamente por meio da cultura que a gente mostra quem a gente é, nossa origem, porque cada ser se identifica pelo que é pela cultura”, destacou Sonia ao falar sobre a importância do Festival para a luta indígena.
A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL/MG) destacou a importância da arte, cultura e da luta e resistência dos povos indígenas. “Nossa cultura não é fraca, nossa cultura é forte, estamos aqui há 523 anos ressignificando. Nossa cultura, nossa identidade não são fracas, usamos as câmeras para ressignificar. Nós lutamos para demarcar as terras, mas também queremos demarcar as universidades, a política, os ministérios. Por muitas vezes fomos chamados de atrasados, mas estamos fazendo bioeconomia. Atrasado é um Brasil que demorou 200 anos para ter um primeiro Ministério dos Povos Indígenas. Mas antes disso, nossa luta não morreu porque existiu o mistério indígena, o mistério da cultura”, disse.
A cultura e a arte dos povos indígenas serão as atrações principais nos dois dias de festival, que está em sua primeira edição e pretende receber cerca de 5 mil pessoas em cada dia.
Para Priscila Tapajowara, da Mídia Indígena, a escolha de Brasília para sediar o evento foi uma forma de trazer para o centro do país um pouco da “diversidade da floresta” e promover um “intercâmbio”. “Os povos indígenas estão em todas as regiões do Brasil. Estamos aqui na capital trazendo as nossas culturas e a nossa ancestralidade do território para demarcar a capital brasileira trazendo essa riqueza e diversidade cultural dos povos indígenas”, explicou.
O festival conta ainda com a Feira de Arte dos Povos Indígenas, aberta nos dois dias, das 9h às 20h. Cerca de 80 artistas indígenas foram convidados, procedentes de todos os seis biomas brasileiros. Entre as etnias presentes estarão os povos Yanomami, Macuxi, Terena, Baré, Ashaninka, Kadiwéu, Guarani, Guajajara, Tremembé, Wauja e Mehinaku.
O produtor e idealizador da Feira de Arte dos Povos Indígenas, Marcelo Rosenbaum falou sobre o processo de curadoria dos artistas para participar do evento e a centralidade da temática ambiental. “A escolha da curadoria do evento foi a partir dos biomas do Brasil. A gente tem todos os biomas representados, porque a arte está totalmente ligado a natureza, a essa questão dos biomas e da preservação”, afirmou.
Também participaram da coletiva o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, e a secretária de Cidadania e Diversidade do Ministério da Cultura, Márcia Rollemberg.
Programação
Neste primeiro dia do Festival, foram realizadas os debates sobre “Comunicação Indígena e suas Narrativas” e “Economia ancestral e a Sociobiodiversidade”. A partir das 17h30 acontece um talk-show sobre música indígena. À noite, artistas indígenas fazem apresentações musicais e recebem como convidados artistas do cenário nacional como Lenine que se apresenta com Gean Pankararu e o rapper Xamã que se apresenta com os Brô MC’s.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Márcia Silva