Aprosoja acredita em preços mais elevados em 2024

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Em entrevista exclusiva, o presidente da Aprosoja Brasil, Antonio Galvan, fala sobre o desempenho no ano passado e o que esperar da produção e mercado da soja em 2024.

Com uma produção estimada em 162,4 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na safra 2023/2024, a soja continua na liderança da produção agropecuária do Brasil. Esse número, se confirmado, deve consolidar o país como o maior produtor mundial da oleaginosa. Em entrevista exclusiva, o presidente da Aprosoja Brasil, Antonio Galvan, fala sobre o desempenho no ano passado e o que esperar da produção e mercado da soja em 2024.

O Presente Rural – Como o presidente avalia o desempenho do setor da soja em termos de produção e receitas em 2023?

Antonio Galvan – Tivemos problemas climáticos ao longo do ano. A região Sul veio de três safras com grandes perdas por causa da seca e agora enfrentam excesso de chuvas. As outras grandes regiões produtivas, como o Centro-Oeste e o Matopiba, estão com problema sério de atraso nas chuvas, que vai prejudicar a safra de soja. Mato Grosso, por exemplo, deixará de cultivar 100 mil hectares de soja. O atraso no plantio espremeu a janela da safra de milho, o que pode ficar comprometida na safra verão. Além dos problemas climáticos, tivemos a volta da insegurança jurídica, com algumas invasões de terras por parte do MST.

O Presente Rural – Com relação ao VPB de 2023 que estima que o faturamento de soja seja de R$ 332 bilhões. Esse número foi recebido com alguma surpresa para vocês?

Antonio Galvan – A produção, em geral, sempre traz cada vez mais ganhos de produtividade. Mas do ponto de vista do produtor, sempre há elevação dos custos de produção, o que tira a rentabilidade. Como se trata de uma atividade a céu aberto, o produtor rural sabe dos riscos, principalmente climáticos. Então é sempre importante ter cautela e saber a hora de comprar os insumos e de aproveitar as melhores oportunidades para vender a sua lavoura.

O Presente Rural – Um dos gargalos do Brasil é a infraestrutura de transporte. Quais as alternativas?

Antonio Galvan – A Aprosoja e o Movimento Pro-logística tem trabalhado para buscar alternativas que garantam a redução do custo do frete. Uma das nossas principais apostas é trabalhar para viabilizar o escoamento da produção pelos portos do Arco Norte, englobando portos como Porto Velho (RO), Miritituba, Santarém e Barbacena (PA), Itacoatiara e Itaqui (MA) e Manaus (AM). O Arco Norte fica a uma distância menor dos portos da Europa e Ásia e tem recebido mais infraestrutura de transporte e instalação de terminais nos últimos anos.

O Presente Rural – Como a criação da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Soja, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem impactado a atuação da Aprosoja BR? Houve conquistas específicas em 2023?

Antonio Galvan – Até 2008 era a indústria que discutia as políticas públicas para a soja no Brasil. Enquanto o produtor estava preocupado em pagar contas, os temas do setor eram debatidos pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), na extinta Câmara Setorial do Biodiesel. Com o surgimento da Aprosoja Brasil, a partir de 2007, a recém-criada Câmara Setorial da Soja, vinculada ao Ministério da Agricultura, passou a ser o local onde o produtor pode demandar e propor políticas públicas para o setor. Neste ano trabalhamos intensamente para evitar o avanço da Moratória da Soja no bioma Cerrado e, também, outra pauta importantíssima, que é a classificação de grãos, que traz prejuízos enormes para os produtores.

Foto: Geraldo Bubniak

O Presente Rural – Quais são as perspectivas da Aprosoja BR para o mercado internacional de soja em 2024?

Antonio Galvan – A perspectiva é de aumento da demanda por alimentos, que é ocasionada pelo crescimento populacional e pela melhora da renda de famílias em muitos países. O mercado de soja é um mercado consolidado, que tem o Brasil como maior produtor e maior exportador. As perspectivas são boas para a soja brasileira.

O Presente Rural – Como a entidade está incentivando a adoção de tecnologias e inovações na agricultura? Houve alguma novidade notável nesse aspecto em 2023?

Antonio Galvan – Depois de tramitar por 24 anos, o Congresso Nacional aprovou em 2023 o Projeto de Lei que moderniza o registro dos pesticidas no Brasil. Com isso, há a expectativa de que pesticidas mais eficientes e menos tóxicos estejam à disposição dos produtores em menor tempo. Hoje em dia um novo produto leva até oito anos para ter seu registro aprovado pelo Ministério da Agricultura, Ibama e Anvisa, enquanto em outros países o processo é muito mais rápido, o que nos deixa menos competitivos. O registro vai continuar a ter as avaliações da Anvisa e do Ibama, mas teremos um processo mais ágil. Estamos trabalhando também para aprovar em 2024 o Projeto de Lei que regulariza o uso e a produção de bioinsumos nas propriedades rurais. Este projeto dos bioinsumos é extremamente importante porque pode reduzir a dependência em relação aos fertilizantes e defensivos químicos, que têm custo em dólar.

O Presente Rural – Com relação a 2024, qual a expectativa da Aprosoja para este importante setor?

Antonio Galvan – Apesar das perdas por fatores climáticos, a expectativa é positiva. Em função do aumento de demanda e da quebra de safra em algumas regiões do Brasil, a expectativa é que a soja garanta uma melhor remuneração aos produtores que entregarem seus produtos, em razão da redução da oferta e do aumento de demanda.

Para conferir o desempenho das principais atividades agropecuárias de 2023 e as expectativas para 2024 acesse a versão on-line do Anuário do Agronegócio Brasileiro clicando aqui. Boa leitura e um excelente 2024!

Fonte: O Presente Rural

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