Sábado, 13/04/2024 – 00h00
Por Eduarda Pinto
Moradores de Catu, município no Recôncavo baiano, denunciaram ao Bahia Notícias, nesta quinta-feira (11), uma ocorrência envolvendo a falta de água e a má qualidade da mesma na região. Uma leitora do Bahia Notícias compartilhou imagens do ocorrido e afirmou que a situação na comunidade é recorrente.
“Isso vem acontecendo, não a primeira, nem segunda, nem terceira vez. Esse final de semana agora ficamos sem água. Quando a água chegou, na segunda-feira (8), chegou do jeito que vocês viram, até através do vídeo. [Estamos] Sem poder dar banho nos filhos, fazer uma limpeza na casa, sem poder lavar os alimentos, sem poder lavar uma roupa”, afirmou.
E completa: “Já ficamos sem água aqui cinco dias. A gente comprando água mineral e armazenando, porque se amanhã não tiver água, quando volta a gente não utiliza, não tem como utilizar água do jeito que chega, é impossível. Tive que pegar água mineral para estar dando banho na criança”, relata. Segundo a moradora, que não quis se identificar, a qualidade da água já chegou a causar sintomas alérgicos na população, como coceira.
Ao Bahia Notícias, a denunciante informou ainda que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) do município, responsável pelo abastecimento do de água e saneamento, já foi contatado pela comunidade, mas não houve resolução. “Inúmeras vezes a população vai em prefeitura, vai até a SAAE, a gente reivindica, mas sempre falam que estão resolvendo a situação, mas nunca melhora”, detalha.
Quando procurada pela reportagem, o SAAE de Catu afirmou, em nota, que as constantes falhas no abastecimento se devem as “ocorrências de falta de energia e que na maioria desses eventos, o tempo de reparação da Neoenergia Coelba é muito longo, tendo ocasiões onde o reparo só foi realizado após 22 horas da abertura do protocolo de reclamação”, escreveu. O serviço ressaltou ainda que já houve reuniões com a Neoenergia Coelba, a distribuidora de energia do estado, sobre as ocorrências, mas não informaram sobre uma potencial resolução do caso.
O órgão alegou ainda que a má qualidade da água, após a retomada, se dá pelo fato de que “grande parte da tubulação de distribuição de água da cidade foi implementada há décadas e sua maioria de ferro fundido”, levando ao secamento das tubulações e subsequente “arraste de sedimentos de tubulações, ocasionando variações na coloração da água”. Segundo a SAAE, o problema é resolvido “apenas com uma pequena descarga de água”, ao contrário do que demonstram as imagens enviadas pela comunidade.
Com relação à falta de energia elétrica, relatada pela moradora e o SAAE, a Coelba foi procurada pelo BN e alegou que as falhas no fornecimento de energia elétrica foram agravados pela chuva que atingiu a região na última semana. Em nota, o órgão confirmou que segue em contato com a SAAE em busca em resoluções para “para mitigar intercorrências na rede elétrica que atende as unidades do órgão”, além de ressaltar que já há um planejamento para aprimorar a “confiabilidade do fornecimento para as localidades”.
Confira a nota da SAAE na íntegra:
“Pelo presente documento o Serviço Autônomo de Água e Esgoto do Município de Catu vem por meio deste, prestar esclarecimentos, quanto à solicitação de informações referente à faltas de água frequentes e à qualidade da mesma, após o retorno.
Lamentavelmente o Município de Catu, vem sofrendo com constantes quedas de energia que interferem diretamente no funcionamento do SAAE, pois para a captação, tratamento e distribuição das águas utilizam-se equipamentos que dependem da energia elétrica para seu funcionamento. Em um período de 04 meses, já foram registradas 62 ocorrências de falta de energia e que na maioria desses eventos, o tempo de reparação da Neoenergia Coelba é muito longo, tendo ocasiões onde o reparo só foi realizado após 22 horas da abertura do protocolo de reclamação. Já houveram reuniões com a Coelba referente ao assunto, que declara que dá prioridade ao atendimento do SAAE, por se tratar de um serviço essencial, mas pela lógica não é isso que acontece, resultando em diversos prejuízos financeiros e morais para a Autarquia, sem contar os diversos prejuízos à comunidade.
Para qualquer empresa que administre Sistemas de Abastecimento de Água é comum a realização de manutenções, ampliações e correções nas redes de água, o que evita problemas futuros mais complexos, esses eventos também podem ocasionar desabastecimento, porém quando ocorre são planejados e essas intervenções são informadas à comunidade, para que economizem e armazenem água. Quando desabastecimento é ocasionado por falta de energia, não tem como comunicar de forma prévia, pois não há ciência de quando ocorrerão. Ademais, quando o tempo de retorno da água é superior a 8 horas, o SAAE, disponibiliza carro pipa sem custo ao consumidor, até a normalização do abastecimento.
Todo abastecimento de água de Catu é derivado de água de poços subterrâneo, sendo o município agraciado por um lençol freático de destaque a nível nacional por sua nobre qualidade, que é o Aquífero São Sebastião. Salientamos que toda água manejada pelo SAAE, seja ela bruta ou tratada, passa por análise química, física e bacteriológica e que atende aos parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde.
Ressaltamos que grande parte da tubulação de distribuição de água da cidade foi implementada há décadas e sua maioria de ferro fundido. Desde 2022, através de convênio entre a Prefeitura Municipal e o Governo do Estado (CERB) foi iniciada a substituição de toda a rede antiga para tubulações de PVC, no centro da cidade, e outras áreas com recursos próprios realizando extensões e ampliações em áreas de abastecimento defasado totalizando 9.085 metros de melhoria nas redes de abastecimento de água da cidade.
No entanto, é um fato comum observado pelos prestadores de Serviço de Saneamento que após a falta de água, a depender do tempo, a tubulação pode secar e no momento do retorno, pela rede estar pressurizada, ocorrer arraste de sedimentos de tubulações, ocasionando variações na coloração da água, o que é resolvido apenas com uma pequena descarga de água, persistindo o problema o consumidor pode ligar para o atendimento do SAAE, que automaticamente desloca uma equipe para realizar a descarga na rede.”
Foto: Reprodução / UPB