Especialista explica se existem riscos na vacinação quando há sintomas como febre, mal-estar e dor muscular
No final de março, teve início a campanha de vacinação contra a gripe em várias regiões do Brasil. Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou a ampliação do público-alvo da vacinação contra a dengue com doses de imunizantes próximos à data de vencimento. Diante desse cenário — e da importância de manter a caderneta de vacinação em dia para as outras doenças também — algumas dúvidas podem surgir. Uma das mais comuns é se pode tomar vacina com algum sintoma de gripe ou Covid.
De acordo com Rosana Richtmann, consultora em vacinas do Delboni, marca pertencente à Dasa, o recomendado é evitar tomar vacinas com sintomas de uma doença infecciosa, como febre e mal-estar. “O ideal é aguardar, pelo menos, 72 horas até entendermos o que está acontecendo, que doença é essa e, depois fazer a vacinação”, afirma.
A especialista explica que é importante aguardar o fim da infecção que está causando os sintomas porque o sistema imunológico pode não responder adequadamente às vacinas nesse período. “O sistema imunológico está ocupado combatendo um agente infeccioso. Então, a resposta imune diante da vacina pode ser prejudicada”, explica. Ou seja, o imunizante pode não ter a sua eficácia adequada quando é administrado diante de sintomas infecciosos.
Além disso, algumas vacinas, como a da gripe, podem causar reações leves, como febre baixa, dor muscular e mal-estar. Essas reações podem ser confundidas com o quadro infeccioso, já que os sintomas também são comuns de doenças virais, como a própria gripe, a Covid-19 e a dengue. “Diante disso, é fundamental aguardar 72 horas sem febre ou apresentar uma melhora clínica para tomar a vacina”, reforça Richtmann.
Em 2024, a vacinação contra a gripe acontecerá no primeiro semestre do ano nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, enquanto no Norte acontecerá no segundo semestre. Essa estratégia visa atender as particularidades climáticas de cada região. Saiba mais sobre a vacinação aqui.
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Já a ampliação da vacina da dengue foi anunciada na semana passada para a faixa etária de 6 a 16 anos em municípios que ainda tiverem com um alto número de doses a vencer em 30 de abril. Esses imunizantes fazem parte do quantitativo doados ao Brasil em fevereiro.
Segundo o Ministério da Saúde, os municípios que permanecerem com baixa adesão poderão ampliar para o público especificado na bula da vacina da dengue, que vai dos 4 aos 59 anos. Essa medida deverá ser adotada em caso de necessidade, para que não haja desperdício das doses.
Importância de manter a vacinação em dia
Apesar de não ser recomendado se vacinar quando estiver com sintomas de doenças infecciosas, vale a pena se programar e aguardar a recuperação total da doença para se imunizar adequadamente. Manter a caderneta de vacinação em dia é fundamental para garantir a própria saúde e a coletiva, evitando a circulação de vírus com potencial epidêmico.
Isso é fundamental diante, principalmente, da baixa cobertura vacinal evidente no Brasil nos últimos anos. Em 2015, por exemplo, foi o último a alcançar a taxa de 95% de cobertura vacinal, a meta necessária de pessoas vacinadas para considerar uma doença sob controle. Com o baixo índice de imunização, segundo especialistas, a população fica mais vulnerável às doenças e infecções.
Diante disso, a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) criou a 22ª Semana de Vacinação nas Américas para promover a equidade e o acesso à vacinação em todos os países da Região. A campanha de 2024 ocorre de 20 a 27/4, englobando também a 13ª Semana Mundial de Imunização (SMI), na última semana do mês de abril.
Fonte: CNN Brasil / Catherine Falls Commercial/GettyImages