A análise de quase 5 milhões de pacientes americanos que tiveram covid, em um estudo baseado em uma colaboração entre o jornal The Washington Post e parceiros de pesquisa, mostrou que uma em cada 16 pessoas com Ômicron recebeu atendimento médico para sintomas associados à covid longa meses após a infecção
Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha decretado o fim da emergência sanitária em covid-19, pesquisa conduzida pela Universidade de São Paulo e publicada na revista científica The Lancet, aponta que cerca de 90% das pessoas infectadas pelo vírus correm o risco de desenvolver problemas pulmonares associados à doença mesmo após anos da alta hospitalar.
O estudo, feito com 237 pacientes que estiveram internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) em São Paulo, revelou que 92,4% deles tinham algum tipo de comprometimento respiratório após se recuperar da doença. Isso inclui casos graves, como sinais de inflamação pulmonar e o desenvolvimento de fibrose. A análise foi feita de 18 a 24 meses após a alta hospitalar.
A pesquisa, coordenada pelo professor Carlos Carvalho, titular da disciplina de Pneumologia da FMUSP, só considerou pacientes internados entre março e agosto de 2020, período em que ainda não havia vacina disponível contra a covid-19. Além disso, todos os participantes do estudo tiveram casos graves da doença.
Esse ponto é importante pela mutação do vírus. Análise feita há um ano mostrou que os americanos infectados com a variante Ômicron do coronavírus tinham, por exemplo, menos probabilidade de desenvolver sintomas típicos de covid longa.
A análise de quase 5 milhões de pacientes americanos que tiveram covid, em um estudo baseado em uma colaboração entre o jornal The Washington Post e parceiros de pesquisa, mostrou que uma em cada 16 pessoas com Ômicron recebeu atendimento médico para sintomas associados à covid longa meses após a infecção.
Outro ponto confirmado pelo estudo é que o maior tempo de internação, assim como a necessidade de ventilação mecânica invasiva e o avanço da idade, foram fatores determinantes para o desenvolvimento de lesões tardias, como a fibrose pulmonar – condição causada por lesões nos pulmões seguidas de problemas na cicatrização, resultando em falta de ar progressiva e tosse seca frequente.
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Ao Jornal da USP, Carvalho ressaltou que o período pós-covid ainda representa um desafio à comunidade médica e científica, que segue descobrindo novos aspectos sobre a fase crônica da doença “Devido à evolução não homogênea dos pacientes com sequelas pós-covid-19, é crucial manter um monitoramento de longo prazo de sua saúde pulmonar.”
Fonte: Notícias ao minuto / © Shutterstock