Pegou mal para Matteo Salvini, o ultradireitista líder da Liga, o encontro com seu aliado brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro, para homenagear, neste domingo em Pistoia, os pracinhas mortos na Segunda Guerra. Foi criticado tanto por partidários da Liga quanto por adversários do Partido Democrático, de centro-esquerda.
“É hora de Matteo decidir de que lado ele quer ficar”, afirmou o ministro de Desenvolvimento Econômico, Giancarlo Giorgetti, o número dois do partido, que integra o governo de unidade do premiê Mario Draghi. Ele pertence à ala moderada da Liga e, portanto, rivaliza com o líder.
Já a deputada Pina Picierno, do PD, que também faz parte da coalizão do governo, pediu que a Liga esclareça por que se coloca ao lado dos direitistas mais atrasados e extremistas: “Salvini se apressa em acompanhar Bolsonaro como se fosse uma medalha de valor manter relações próximas com o autocrata brasileiro. Parece ansioso para enriquecer sua galeria de horrores.”
Único político italiano a ciceronear o presidente brasileiro, o populista Salvini está em baixa nas pesquisas e aparece em oitavo lugar no ranking dos políticos mais apreciados do país. Como ex-vice-primeiro-ministro e ex-ministro do Interior, ele se destacou no cenário político pela retórica xenófoba e declarou os portos italianos fechados aos navios envolvidos no resgate de pessoas que fugiam de países africanos.
Sob as ordens do aliado de Bolsonaro, a Itália protagonizou em 2019 cenas de desespero de refugiados em sua costa. Salvini é julgado em Palermo, acusado da detenção ilegal de 147 imigrantes que estavam a bordo de um navio da ONG Open Arms. Se for condenado, pode ser sentenciado a até 15 anos de prisão, num julgamento previsto para arrastar-se por anos.
Aos 48 anos, ele venera políticos ultradireitistas como a francesa Marine Le Pen, do Reagrupamento Nacional, e o premiê húngaro Viktor Orbán e flerta com o partido de extrema-direita alemão AfD. A Liga vem perdendo espaço para o partido de extrema-direita e pós-fascista Irmãos de Itália, liderado por Giorgia Meloni. Mas espera-se que Salvini tente tirar proveito do julgamento para reativar o debate sobre imigração e firmar-se novamente como seu principal expoente.
Fonte: g1/Foto: Escritório de imprensa de Matteo Salvini via AFP