Largos fardos vitais

Ângela Monize colunistas

Por Ângela Monize – Terça, 6 de outubro de 2020



A senhora não escreve ao quadro, ela escreve a
minha vida.
Minha senhora têm momentos altos.
Come-me.
Bebe-me.
Faz-me.
A minha senhora se ajeita para dormir. Tapeia o
lençol, me joga para cima, me senta com
vontade… Como se, para ela, eu fosse uma
boneca fantoche…
Brinca e brinda.
Faz e acontece.
Rasga e retalha.
Talvez agora eu precise de ajuda para acordar
desse transe, para refazer as convicções, para me
jogar em outro lugar.
E sem o efeito da linha que se percorre entre
acordar ou não, agora a minha senhora adormece
perto do estábulo. Ela percorre o meu jardim
com formigas encravadas na pele e o campo a lhe
acarinhar…
Me viu.
E manobrou a noite.
Veio para o meu inverno como fogo.
Queimou.
E cansada, dormiu.


Nome da obra: Largos Fardos Vitais

Autoria: Ângela Monize 

Linguagem artística: Fenômeno Poético e Fotografia

Créditos à foto: Ângela Monize

3 thoughts on “Largos fardos vitais

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