O casamento da agronomia com a ecologia

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O Brasil tem tudo para se tornar a maior potência agroambiental do mundo. Não tenhamos ilusões. Os oito bilhões de seres humanos na Terra demandam comida sem parar. Só que, está evidente, a pegada ecológica tem limites.

De acordo com a ONU, chegamos a oito bilhões de habitantes no mundo. E a população humana continua crescendo: em 2050, devemos ser 9,7 bilhões de pessoas. Como alimentar tanta gente? Como assegurar um planeta sustentável?

Por volta de 1.800, a população alcançava seu primeiro bilhão. Foi quando Thomas Malthus fez sua terrível profecia sobre a incapacidade de a produção de alimentos acompanhar a explosão demográfica. Sem controle populacional, dizia ele, grassaria a fome e o mundo se arrebentaria em guerras. Por comida.

A mais famosa predição sobre o futuro da humanidade se mostrou a mais errada de todas. Graças ao avanço tecnológico, a produção de alimentos cresceu de forma impressionante, sustentando o avanço da civilização. Por volta de 1.930, dobraríamos para 2 bilhões de seres humanos.

Decorridas mais 3 décadas, a população batia, nos anos de 1.960, nos três bilhões de habitantes. Foi quando oikos começou a reclamar, originando a ecologia como disciplina científica essencial no aprendizado humano.

Superada a alimentação como fator restritivo – tornando a fome um drama relativo à distribuição, e não à produção – surgiram os problemas ambientais. A pegada ecológica na Terra só fazia crescer.

Nessa época, mais precisamente em 1.972, o Clube de Roma, auxiliado por estudiosos do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), publicou o preocupante “Limites do Crescimento”. O relatório apontava, para um cenário de ½ século adiante, um colapso civilizatório, advindo da escassez de bens naturais.

Outra vez, o controle populacional parecia urgente. Necessário seria também estancar a economia. Apregoada pelo Clube de Roma, a receita do futuro era o “crescimento zero”. Senão, acabariam os recursos naturais.

Tal qual ocorrera com Malthus, novamente o pessimismo civilizatório seria derrotado pela história. Mais uma vez, a inteligência humana, pelas ferramentas do avanço tecnológico, iria superar a (falsa) tragédia anunciada.

Assim chegamos aos oito bilhões de habitantes. Em que pese a eterna e detestável desigualdade entre os povos e segmentos sociais, vive-se muito melhor que no passado. Basta ver a idade média das pessoas ao redor do mundo.

Desafios assustadores surgem e têm sido superados. Até quando? Muitos preveem, agora, o fim do mundo devido às mudanças de clima. O aquecimento planetário, causado principalmente pela queima de combustível fóssil, pelo desmatamento e geração de metano, ameaça a sustentabilidade. Ninguém poderá desdenhar da ameaça climática. A história nos ensina, porém, que a civilização ultrapassa seus desafios globais. O alerta dos cientistas, a mobilização da sociedade e até o grito do terrorismo ecológico instigam a inteligência humana, obrigando-a a oferecer respostas aos reptos existenciais.

Há uma diferença do passado. No século 21, as empresas privadas progressivamente assumiram a luta ambiental. Antes, era assunto de ecologista. Agora, a agenda ESG faz parte da competição econômica, afetando os mercados. Basta ver duas importantes propostas empresariais, originadas no Brasil, anunciadas na Conferência do Clima, a COP 27, que se realiza no Egito: o roteiro assumido por 14 gigantes empresas ligadas ao agronegócio visando reduzir emissões advinda de desmatamento; a criação da Biomas, formada pela associação de 3 bancos (Itaú/Unibanco, Santander e Rabobank) com 3 empresas (Suzano, Vale e Marfrig) destinada à restauração e conservação de florestas nativas.

Por outro lado, o maior erro de alguns ecologistas tradicionais tem sido considerar a agricultura como vilã dos problemas ambientais. Em consequência, tornam-se inimigos do campo. Agridem os produtores rurais.

Já passou da hora dessa intriga acabar. Os modernos sistemas tecnológicos de produção no agro deixaram de ser problema e viraram solução ambiental. Aos poucos, a agropecuária moderna, sustentável e regenerativa se impõe como dominante, deslocando a ultrapassada agricultura predatória.

Quem apostar nessa virada de chave encontrará o caminho do futuro brasileiro. O Brasil tem tudo para se tornar a maior potência agroambiental do mundo. Não tenhamos ilusões. Os oito bilhões de seres humanos na Terra demandam comida sem parar. Só que, está evidente, a pegada ecológica tem limites.

Chega de nós contra eles. Chega de perder tempo com estúpidas acusações. Chega de cultivar a discórdia. Chega de generalizar a exceção. É hora de promover o casamento da agronomia com a ecologia.

Fonte: Por Conselho Científico Agro Sustentável

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