Perante Parlamento, chanceler federal defende lockdown parcial anunciado um dia antes por seu governo e diz que medidas são necessárias e adequadas. Se nada for feito, UTIs logo ficarão sobrecarregadas, afirma.
A chanceler federal Angela Merkel defendeu perante o Bundestag (Parlamento), nesta quinta-feira (29/10), as novas medidas anunciadas pelo seu governo um dia antes para conter a pandemia do novo coronavírus.
“As medidas que agora adotamos são adequadas, necessárias e proporcionais”, afirmou Merkel, num discurso que foi várias vezes interrompido por apupos da bancada do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
A chanceler disse que as limitações de contato são o melhor e principal meio para reduzir as infecções. Trata-se de reduzir os contatos de forma sistemática ao “mínimo absolutamente necessário”.
Merkel argumentou que a atual taxa de infecções ameaça o sistema de saúde da Alemanha. O Instituto Roberto Koch (RKI) anunciou nesta quinta-feira um novo recorde diário: 16.774 infecções em apenas 24 horas em todo o país.
A atual dinâmica das infecções pode sobrecarregar as UTIs do país em poucas semanas, argumentou a chanceler. Ela lembrou que o número de pacientes em UTIs devido à covid-19 mais do que dobrou nos últimos dez dias e chegou a 1.500. Se o governo esperar até as UTIs estarem cheias, disse Merkel, “aí será tarde demais”.
O governo federal e os governadores anunciaram nesta quarta-feira uma nova lista de medidas para conter a pandemia, chamadas de lockdown parcial.
Entre elas estão o fechamento de restaurantes, bares, academias, teatros, cinemas e piscinas a partir da próxima segunda-feira, e a limitações de reuniões privadas a dez pessoas de no máximo duas residências diferentes.
Também o ministro da Saúde, Jens Spahn, em declarações a uma emissora de rádio, deixou claro que o objetivo do governo alemão é impedir o colapso do sistema de saúde. “Eu não quero esperar até as UTIs estarem lotadas”, afirmou.
No seu discurso no Parlamento, Merkel preparou os alemães para quatro meses longos e difíceis. “O inverno será difícil, mas ele vai acabar.” Nos oito primeiros meses da pandemia, afirmou, os alemães aprenderam uns com os outros e se apoiaram. “Isso distingue essa sociedade. Essa disposição para ajudar, esse senso de comunidade, é isso que me deixa confiante”, disse Merkel.
O líder da bancada da AfD, Alexander Gauland, criticou o novo lockdown, afirmando que a população não tem como suportá-lo, e disse que a Alemanha está sendo governada por um gabinete de guerra e que o país vive uma “ditadura do coronavírus”.
O presidente do Partido Liberal Democrático (FDP), Christian Lindner, criticou a tomada de decisões pelo governo e pelos governadores, afirmando que o Parlamento foi posto de lado, o que, segundo ele, ameaça a democracia parlamentar no país.
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Fonte: DW